06 maio, 2005

AMOR e Inteligência

Pois é apenas acredito em duas coisas : amor e inteligência. As duas juntas. Caso contrário só vejo sombras.

Aproveito para transcrever palavras sábias de alguém inteligente que por muito amar este país vive a olhar para ele de fora :
"
-A nossa vida está a converter-se em virtual e nunca, como agora, vivemos tanto tempo dentro daquilo que Platão imaginou ser a "caverna". O lugar onde as pessoas estão sentadas, olhando em frente, para uma parede por onde passam sombras, julgando que essas sombras são a realidade. Se isto não é o dia de hoje... não sei o que diga." ("Visão", ib.) Uma sociedade onde os centros comerciais se tornaram as "catedrais" e as "universidades" dos nossos dias, onde as pessoas, de um modo geral, deixaram de pensar, onde a distância entre ricos e pobres, os que sabem e os que não sabem, se acentua ("Trata-se, de certa forma, de uma nova Idade Média - uma minoria culta e, depois, uma massa enorme de ignorância." "Visão", ib.). Por isso é necessária uma nova "formação das mentalidades".


- O que as ditaduras brandas aprenderam, disfarçando-se de democracia, foi a arte de fazer das suas vítimas cúmplices. Se protestas, dizem-te logo que não és democrata, que estás contra a democracia. Meios de resistir? Puxemos pela cabeça, para alguma coisa nos há-de ela servir.

-Vivemos numa época em que é possível discutir tudo. Ao redor do mundo reúnem-se congressos, organizam-se simpósios, colóquios, mesas-redondas, e tudo se discute: desde a ecologia ao buraco no ozônio, desde a terceira idade ao aquecimento da atmosfera, desde a eutanásia ao direito ao aborto. Tudo. Com uma excepção. Não se discute a democracia. Está ali, como santa no altar, e nós só temos que nos ajoelhar aos seus pés e rezar para que cuide de nós e nos guie pelo bom caminho. Mas esta santa laica está coberta de chagas, cheira mal e ainda por cima é surda. E mente com quantos dentes tem na boca."

Não coloco o nome do autor...porque me apetece deixar as palavras viver por elas próprias...caso contrário arriscam-se a ser transformadas pela sombra do preconceito que habita em alguns de nós......

gana

5 comentários:

Bruno Monteiro disse...

Muito verdade, oportuno e soube bem ler... Não interessa quem escreve, é verdade!

Anónimo disse...

É tão verdade quanto triste, esta constatação de que as vidas estão a ir na direcção errada. O que há de bom e bonito é posto de lado.
Os forums e atriums é que são lindos...
Esta imagem do "Tuga" especialmente do marinhense tem me arruinado o juizo por completo.

Ainda por cima trabalho num sitio em que vivo e tenho que compactuar com a fatia miserável da mentalidade industrial, ter de ouvir lamentações auto-infligidas do tipo: "feriados, isso é só para alguns!"; "aquele cabr.. que me deve 700 contos"; "faça ai um descontozinho nesse parafuso, que isto tá difícil"; " vai se andando, tem que ser"...
Tenho pena de quem persegue o trabalho como modo de vida e não como uma ferramenta para viver o que a vida tem de bom.
Farto de azedos e de insensiveis, de óleo e de aço, de caloteiros em BMWs e do raio que os parta a todos!

So passamos ca uma vez. Há que viver, conhecer amar e cultivar para alguém colher. Sem isto, a vida não faz sentido.

Anónimo disse...

Certa vez um amigo meu disse-me umas palavras sábias: "A pior ditadura é aquela que não se sente." A nossa democracia transformou-se na ditadura das massas. Ligamos a TV e engolimos sofregamente o papa morto e o que se segue, o príncipe do Monaco defunto e o casamento real de um príncipe feio com a amante igualmente feia. Quem disse aos senhores que dominam os media que isto é importante? Eles dirigem o nosso pensar e nós, obedientes, pensamos naquilo que nos mandam. Noutros tempos gloriosos a isto se chamava "panis et circencis" (pão e circo). E nós lá vamos obedecendo e esquecendo o que verdadeiramente interessa.

++!++ disse...

quem é que disse que só passamos cá uma vez?

++!++ disse...

O texto é de José Saramago.