05 novembro, 2007

Cheque-disco

O CD comemora 25 anos de existência, e todos os que venham a seguir já pertencem á era da sua decadência. A industria discográfica atravessa a maior crise de sempre. Por outras palavras, em breve rebenta.
Ainda não percebi bem se isto é bom ou é mau.
Já ouvi vários argumentos que é bom, pois essas piranhas gordas vão deixar de ganhar dinheiro e quem lucra é o artista... mas tenho sérias duvidas que matar a industria musical seja o melhor para o artista. Quase que me soa como.... ah, temos que matar a industria automóvel para ser melhor para os mecanicos.
Então e quem promove, e quem é que vende? Se se mata o disco, não se estará a matar o ouvinte, e a influencia que o disco pode ter no receptor? O mundo estará melhor semindustria musical, sem idolos? Sem o Prince, sem a Madonna, o Maradona e o Kurt Cobain? Quem é que influencia os miudos a tocar? Só a internet? Só uma barafunda de oferta livre, de um "indie" indiferenciado?

Deixo só estas questões para ouvir as vossas as opiniões, não quer dizer que defenda a idolatria formato MTV e que seja esta a minha posição. Em algumas coisas, até tomo o partido oposto. Estou só a fazer de advogado do diabo, quero saber o que pensam.

CD 25 anos

29 comentários:

++!++ disse...

1º Musica
Nunca se ouviu tanta musica com tanta diversidade como agora.
Isso é Fantástico !

2º LUCRO I - Industria
Até aqui os empresários vendiam embalagens de música (discos, K7, DVD, Cds) e é isso que aparecia na sua contabilidade: ex. quantidade de CDs vendidos.
Com a desmaterialização dos meios de distribuição entrou-se na chamada crise da Industria discografica.

3º LUCRO II - Re-definição .

Fala-se agora em "Industria da Música" contra o anterior conceito de "Industria Discográfica" (este sim em crise) abarcando agora contratos de imagem, merchadising, actuações ao vivo, publicidade, promoções de marcas (moda, tecnologia, etc.), livros, filmes, etc. É assim q funciona e esta não está em crise.

4º LUCRO III -Promoção
Uma empresa que vise o lucro só promove um músico se ganhar dinheiro com isso. Logo as rádios só irão promover quem lhes der audiência para vender publicidade a "sabonetes"....sempre foi assim....e sempre assim será....

5º REVOLUÇÃO I
- "Barafunda de oferta livre".
És contra a oferta livre ?
Preferes o oligopolio como o que existe hoje?
(não acredito)


6º Revolução II- SAI DO MATRIX !!!!

Industria é um termo económico.
Em termos capitalistas tem como objectivo maximizar o lucro.
Logo associas a arte a um negócio.

Isso limita comletamente o espectro de opinião nesta discussão.
Como? apenas te referes às editoras e empresas que visam o lucro e esqueces todas as outras que estão disposta a perder dinheiro em nome da arte.
Estás no meu entender dentro do Matrix da grandes editoras. Saí daí!

(Não te deixes levar pelo poder oculto que reside por detrás de quem quer controlar o que tu queres ouvir.)

«A forma inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar estritamente o espectro da opinião aceitável, estimulando concomitante e muito intensamente o debate dentro daquele espectro... Isto dá às pessoas a sensação de que o livre pensamento está pujante, e ao mesmo tempo os pressupostos do sistema são reforçados através desses limites impostos à amplitude do debate». Noam Chomsky


A música é imaterial.
O que tens tu de imaterial ?

Ana_Leorne disse...

lembro-me de estarmos a falar sobre isto na Palha, na passada sexta, lembras Gahnah?:)

Anónimo disse...

Ahhh, sim senhor. Era disto que queria "ouvir"! Até estava a ficar preocupado que ninguém comentasse!

De facto acho fantástica a desmaterialização da musica. A internet e principalmente o Myspace têm tido muita influência naquilo que faço hoje. Está a acontecer uma revolução e eu quero fazer parte dela (como dizias ha uns meses).
No entanto, gosto do disco. Gosto do Cdzinho com os livretos, Artwork e por ai fora. Acho incrivel de como é "industria discográfica" se deixa abater até à extinção, sem nunca baixar o preço dos Cds. O preço baixo podia ser um argumento forte, mas não desce. Ha muita gente que gosta não só do lado imaterial e sensorial que a musica transmite. São coleccionadores,pessoas que gostam do disco, da textura e do cheiro do papel e do artwork. Isto, para muitos, tem o seu valor.
E o facto de existirem discos não impede EM NADA a diversidade. Os musicos continuam a criar, com ou sem discos. A internet é só mais um meio de divulgação, não tem nada a ver com a criação.

As netlabels continuam a oferecer musica, e eu acho muito bem. Não sou nada contra a oferta livre! Espero um dia poder lançar um trabalho de graça via net.
O problema que vejo nas netlabels e na imaterialização da musica é a dificuldade que há em fazer chegar a musica ao ouvinte, ao mesmo tempo que é tão facil ao ouvinte aceder à musica. confuso?...
Exemplo: Ontem, ouvi um cantor portugues que gostei bastante que é o Levi. O Levi, editou há poucos meses o seu segundo disco pela Rasarte, uma netlabel dos fundadores da Rascunho, o site de divulgação de artes que já devem ter ouvido falar.
Alguém já o ouviu? Já alguém recebeu noticia que este rapaz estava a lançar o segundo album e que até tocou umas vezes na radio? Provavelmente não.
O que acontece com ele, acontece com milhares de outros. Daí a barafunda indie que te falava.
Por um lado, acho fixe, andarmos a pesquisar na net, e encontrarmos no fundinho do bau uma banda que cabe mesmo naquilo que nós gostamos, mas poderá esse artista sustentar o seu trabalho oferecendo sempre a sua musica?
E sim, estou a associar a arte ao negócio. Alias, não sou eu que o faço, a Arte sempre existiu assim, não fui eu que o disse!!!
O Caetanto Veloso sempre vendeu discos, o Carlos Paredes também, até os puritanos dos cantores de intervenção o faziam, tal como os pintores vendem quadros, os carpinteiros vendem móveis e os serralheiros vendem estruturas metálicas. Não vejo nada de errado nisso!!! Porque precisam de se sustentar!!!Acho que os 2 mundos podem co-existir e as pessoas são livres de tomar opções do que querem fazer com a sua arte. Não tem que ser visto necessáriamente como um Matrix!!! E não acho que limita em nada a arte. Eles que façam o negócio, que eu faço a musica, desde que eu tenha sustento.

Falando de sustentabilidade do "artista":
Na minha maneira de ver as coisas, um artista, musico, pintor, actor... (se for de sua vontade "profissionalizar-se") devia ser remunerado. Porque senão é obrigado a arranjar um emprego para matar a fome e aí, perde o tempo para fazer aquilo que sabe, que é CRIAR. Incapacita-o de andar pelo mundo a espalhar a arte, porque tem um compromisso que o obriga a ficar onde está. Pergunto-te como ex: Se os Umpletrue fossem chamados para fazer uma tour europeia de um mês, terias possibilidades de ir?!
Muita da musica actual, vive dos concertos, da musica ao vivo, musica VIVA, em comunicação directa com o receptor. Há musicos que até só "prestam" ao vivo.
As actuações ao vivo também são um negocio, se o musico não tiver uma estrutura minima de organização, não chega a lado nenhum. E quando digo não chega a lado nenhum, falo em distancias fisicas. Se tu fores um musico purista, que não faz mais nada na vida senão tocar, que não trabalha e não recebe, e oferece a musica na internet, se for chamado pra tocar um concerto a 200 KM, nem dinheiro para o autocarro tem. Aliás... nem dinheiro tem para pagar a internet para fazer o upload do seu album, nem dinheiro para adquirir um instrumento!!!

Agora, que me digas que eu acabei de dizer é uma grande MERDA, concordo em absoluto. Eu não estou aqui a apregoar a favor da arte como negócio, mas ela acontece assim. Como em quase tudo nesta merda de vida, a arte vive lado a lado com dinheiro. Não sou eu que o digo, é assim que acontece.

É tudo muito bonito, a pureza da arte e da imaginação, a parte sensorial da Arte (que é realmente o que importa) mas ser artista tem os sues custos... nem que seja COMER. Pergunta lá ao Noam Chomsky se as palestras que ele dá são todas de graça, e olha, by the way, estive com um livro dele na minha mão este fim de semana que custava 15 euros. Se calhar ele podia ser mais meiguinho, não?!
Ah e não vejo nenhum poder oculto que controla aquilo que eu quero ouvir. gosto de ouvir o "Walk like an Egyptian" umas vezes, noutras ouço o Jeff Buckley, tem dias que gosto disto, outros dias daquilo...
Não acredito muito no oculto, eheh...
Um abraço a todos...

poisbem disse...

queria contribuir para esta discussão.
eu sou um artista.
o meu proximo cd chama-se "leilão de polvos" e em palco faço uma encenação entre max e marilyn manson. vendo o manuel freira na primeira música por um par de cervejas e dou a júlia pinheiro assim de mão beijada para servir de soqueira psíquica.
todas as minhas músicas são êxitos e sou bem recebido pela crítica, assim como a recebo bem, sempre que existe.
há anos que edito e nunca tive problemas com nenhuma editora, isto porque me ensinaram também a escolher as companhias e não aceitar nada de estranhos.
o problema não é a indústria, pq tudo é industrial, até aos beijos dos namorados que se lambem na incerteza da manhã. que se foda a indústria e os moralismos canónicos bacocs e bafientos.
o problema é saber o que se quer, e muita gente não sabe. e o que se quer é a vida que se tem, como dizia a vanda no filme (lindo) do pedro costa.
seja no bairro das fontaínhas ou em paris, a negociata tresanda e haverá sempre quem o faça nao por gosto mas sim pela paca.
que se faça arte! música sem sons, música cacofónica, atónica, gripal, antimúsica, o que interessa é haver sumo.
havendo isso, meus amigos,
há tudo
e consigo adormecer mais tranquilo

++!++ disse...

Achas que procuras no fundinho do baú?
mal sabes o que a geração dos teus pais passou para no mínimo
saber que bandas e músicos existiam.
Nesse tempo é que era bom???
E estou a falar da geração de 60 e 70....
Isso sim é procurar no fundo do bau.

Agora sentadinho a beber o leitinho agarradinho ao pêcêzinho, ao mousesinho, no quentinho,
sem gastar dinheirinho achas isto tudo uma chatice ("barafunda indie") ...
?!! não te compreendo Ricardo..?!..Realmente só falta apelares a uma nova ditadura cultural.

Dizes "A arte sempre existiu assim ligada ao negócio" como se não existisse por si só?
Respondo com uma frase do artista que deste como exemplo:

"Amo demasiado a musica para viver à custa dela "
Carlos Paredes

Achas que um artista deveria ser remunerado ?
Ok. Mas agora para manteres a coerência da tua observação diz-me qual o salário que achas justo ?
1.000 Eur ? 50 Eur? 10.000 Eur ? 1.000.000 Eur ?
Diz-me quanto. Sabes?
(Eu acho que tu não sabes.)

"Porque senão é obrigado a arranjar um emprego para matar a fome "
Coitadinho do artista.
Qual é o problema ? É alguma vergonha trabalhar e ganhar dinheiro ?
Conheces o Pessoa e o Camões (para não citar os outros 99.9% de artistas que tinham empregos) ?
As suas vivências foram traduzidas em poemas. E se não trabalhassem ? Será que os conheciamos ? Mais exemplos não faltam...

"Se os Umpletrue fossem chamados para fazer uma tour europeia de um mês, terias possibilidades de ir?!"
A resposta mais imediata é um Não. Mas tenho o meu livre arbítrio e há uns meses responder-te-ía que nem sequer aceitaria fazer uma Tour com Umpletrue quanto mais fazer parte do projecto.

Mas não te compreendo. Estavas a falar de música, e de ser criativo, e agora passas para o Negócio do Entertenimento?
Fazer Show? Então afinal a tua conversa é essa ?

Confundes música com espectáculo ? Não sou da mesma opinião. Divergimos aqui.
Aliás já to tinha dito quando te falei da re-definição de "Industria de música".
Estás agarrado ao Matrix e não consegues separar o trigo do joio.

Para mim música é música. O que a Industria quer que ela seja é outra coisa. E só me interessa enquanto caso de estudo.

Hoje as televisões lavam-te o cérebro e ficas a pensar que a melhor coisa do mundo é seres rico ,famoso e tocar para milhares de pessoas.
Hoje 4 grandes editoras controlam quase 75% do mercado mundial. Controlam o que tu ouves, o que tu vestes, o que tu vês.
Esse é o poder oculto.
Quer acredites ou não ele existe.

Aconselho-te a procurares a arte que não vive lado a lado com o dinheiro.
Não esperes que ta deêm.
Ela existe mesmo quando o baú parece não ter fundo.

Já agora uma perguntinha :

Se te dessem um ordenado de 1.000.000 Eur por mês deixavas de ser músico ?

P.S.: A literatura ainda não é imaterial.

Um grande Abraço !

Anónimo disse...

Essa do procurar no fundinho do baú e a relação com os meus pais, não entendo. Eu já mandei vi k7 de bandas japonesas através de fanzines, já comprei cds às cegas e bendito o dia em que aconteceu, já tive outros em que correu mal. os meus pais se calhar fizeram mais, mas acho que não é disso que se está a falar. :|

Fico muito triste que vocês me tomem por um obcecado pelos mercados, pelas editoras e pelo estrelato. Se o fosse, não estaria na Marinha Grande, certamente, estaria em Berlim, ou em Londres trying to "make it over there". :)))

Eu não apoio a promoção de burrice MTV, apoio a liberdade.
Apoio a liberdade de que tudo isso exista sem que me chateie e que cada um siga o que quer. Se quiserem sigam a MTV, se quiserem, não sigam. O poder que a internet tem é que com o facil alcance que tens a todos os estilos, podes sempre flitrar o que te serve melhor.Se consomes MTV é porque és parvo. O consumidor tem de deixar de ser parvo. E eu acho que cada vez é menos parvo. Os Fonzie já não enganam ninguém, os EZ Special também nao, as pessoas nao sao assim tao burras. Os jovens portugueses então estão cada vez mais exigentes de ouvido, já não caem tanto em merdas.
O que há a matar na industria discografica é a criação produtos massificados as Ashlee Simpson, as Britney Spears...

Para mim, também é um Matrix, estar contra tudo o que se fez até hoje, ser anti-tudo, anti cd, anti sistema, só porque sim. Em nome da arte. Lembro te entao dos nossos pais que pesquisavam no baú. Não tinha a sua mistica? És a favor que isso se perca? Estar contra tudo é que me parece ditadura cultural. A musica existir apenas pela internet, é ditadura cultural.

A frase do Carlos Paredes é muito bonita. Mas é uma opinião. E o Carlos Paredes como artista livre que era, escolheu editar discos. Podia ter ficado a tocar em casa sozinho. Mas não o fez. Isso tem algum mal?
E o facto de ser remunerado por isso tambem tem algum mal. ele escolheu trabalhar, fez o que lhe apeteceu. Se ele tivesse dinheiro suficiente para se sustentar da musica e o quisesse fazer não seria igualmente legitimo? estaria a violar a arte?!?! coitadinha da arte, não me toquem nao me desafinem...

Disseste "coitadinho do artista", alguma vez falei com esse tom de pena, à politico à caça de subsidio? Não quero subsidios do estado para tocar, nem salarios padrao nem sindicatos, mas nao me importava de tocar o que me apetece, vender discos, e tocar por ai. Como os Melvins, adoro-os. Têm quase 30 anos de carreira, nunca foram uma banda Mainstream, sempre tiveram 100% de controlo sobre a arte que fazem, ainda hoje ensaiam quse todos os dias e fazem novos albuns, e nao são obcecados pela industria. São obcecados por tocar MUSICA. E precisam de tempo para isso. Como um carpinteiro precisa de tempo para fazer móveis! Se és bom na musica, devias ter direito a fazer o que sabes e gostas!!! Para isso, como em tudo na vida é preciso $$$ É ai que quero chegar. Deixem as pessoas serem como são!!! Deixem o Tozé Pisco alugar PAs, deixem o LF Music fazer bailes, deixem o Toni Carreira ir a Paris, que se lixem eles todos, e o dinheiro que fazem, estou me nas tintas.

Não é vergonha nenhuma trabalhar e ganhar dinheiro, isso também o acho legitimo de ser fazer com a musica. Não é uma obcessão, é só uma opinião!!!

eu não estava a falar de show, estava a falar de concertos ao vivo e a sua sustentabilidade. Esta la escrito.
musica e espectáculo são assim tão bizarras de se usarem juntas?... oh gannah, nunca foste a um espéctaculo de musica? :))) não sei, se calhar sou eu que estou mesmo doentinho...:)))

"Para mim música é música. O que a Industria quer que ela seja é outra coisa." OK! Também acho. E podem viver em paralelo. E cada um escolhe.
"Hoje as televisões lavam-te o cérebro e ficas a pensar que a melhor coisa do mundo é seres rico ,famoso e tocar para milhares de pessoas.
Hoje 4 grandes editoras controlam quase 75% do mercado mundial. Controlam o que tu ouves, o que tu vestes, o que tu vês.
Esse é o poder oculto.
Quer acredites ou não ele existe."

-Só come quem quer. A culpa é de quem consome. eu não compro cds dos Linkin Park, nem dos nickelback ninguem mos obriga a comprar. Por mais que eles me empranhem pelos ouvidos.

Essa pergunta do ordenado para deixar de tocar é ridicula. E aqui, novamente, sinto me muito triste por pensares isso de mim, parece que nunca me viste, que nunca conviveste comigo nunca me viste tocar e não sabes como sou e o que faço. Se não fosse pela gana que me dá, não andava aqui. Se o assunto fosse dinheiro não estava na musica.Estava a lamber botas a um qualquer patrão ou a corromper médicos como delegado de propaganda médica. não é essa a minha ambição e estou-me realmente a foder se é isso que pensam de mim. O que defendo é a liberdade de escolha. que deixemos de aceitar essa imposição de cultura burra e que lutemos para que os verdadeiros artistas tenham a visibilidade que merecem perante o mundo. A arte a quem a faz!
Antigamente, só quem era bom artista é que ia à televisao, fosse feio ou bonito, tinha de ter grande talento. Hoje o talento já não interessa. A arte o engenho do humano passa a ficar em 2º plano. isso doi. Mas existe. E só joga quem quer. E quem quer jogar não precisa de ser excomungado pelos puristas. não é crime. é só isso.
o mais importante é que seja sincero.

"Controlam o que tu ouves, o que tu vestes, o que tu vês.
Esse é o poder oculto.
Quer acredites ou não ele existe.
"
Continuo a não perceber esse poder do oculto. Ele está lá,vê-se bem não é oculto! tu vês, eu vejo, não cais nas tretas deles, eu também não, e depois? Nao tem nada de oculto pra mim. Não compro merdas dessas.

Voltando ao disco, acho que o disco devia lutar por si, baixar o preço e existir com a internet.
Enfiar toda a musica dentro de um computador, parece me uma barafunda indie, Gannah, confesso. Um atrofio. Um novelo de lã estrilhaçado por um gato. Tem coisas boas, tem coisas más. Gosto do disco.

Viva a liberdade.

Abraço.

Anónimo disse...

E lendo o Sal, acabo por encontrar tudo o que penso:
"há anos que edito e nunca tive problemas com nenhuma editora, isto porque me ensinaram também a escolher"
Está tudo na escolha. ninguém obriga ninguém. Viva a arte democrática!
"o problema não é a indústria (...)o problema é saber o que se quer". O problema não é industria, apesar da industria ter grandes problemas. De ética e de principios. Mas só escolhe quem quer.
"a negociata tresanda e haverá sempre quem o faça nao por gosto mas sim pela paca." A negociata tresanda, ainda assim, não acho que haja uma relação directa de estar na negociata, implica seres um vendido. Pode existir amor na arte, mesmo que alguém a comercialize.
E o Sal termina ainda melhor... o que interessa é haver Sumo. O negócio é com os negociantes, a arte é de quem a faz.
Fazer a pensar no negócio é sujo. Fazer negócio com aquilo que fiz com amor e sem pretensões não acho sujo. E acho legitimo ser compensado por isso. É o meu livre arbitrio.
Não aceitar a democratização da arte é que é imprimir uma nova ditadura cultural.
Pensar que alguém que escolhe vender um Cd, ou alguem que compra um CD é um viciado no Matrix, e tem um cerebro brainwashed, como lhe chamas, é subestimar a inteligência. Isso é feio, Tiago. Deixa cada qual ser como é. Não queiras a arte num pedestal elitista, unicamente acessivel a puristas.
E aliás eu nem te vejo nas palavras que escreves. Não tocas ao vivo? Não fazes "shows"? Ficas triste se a sala estiver cheia com milhares de pessoas? ficas chateado e triste se as pessoas comprarem muitos Cds no fim, e te vierem pedir que o assines? Vais para casa lamentar-te disso?
Não, pois não?
Bem sei que também não é isso que te move, nem a mim, mas não reconhecer a legitimidade destes acontecimentos é querer "fascizar" a arte. querer incutir isso aos outros que não pensam como tu, é tão grave como a industria querer com q tu engulas o que eles fazem!

Um exemplo da validade do disco e da possibilidade de co-existencia com o conteudo digital é o dos Radiohead. Lançaram o ultimo album online e venderam-no a 1 centimo.
Estão na crista da onda da revolução musical. Porém, já andam em negociações para a edição fisica do album. Eles também têm o cérebro lavado pela TV? Eles também estão errados ao quererem vender a sua arte e a encher estádios?!

Não será pior dar-lhe importância e ser anti-tudo isso, do que passar-lhe ao lado e respeitar a liberdade de cada um?! Quem é que tem o cérebro lavado, afinal?!

Peço desculpa de responder por 2 vezes, mas isto mexe comigo e não suporto o facto de me achares um capitalista maníaco pelo protagonismo.

Um abraço.

carlos disse...

"o mais importante é que seja sincero." by Ricardo
e acrescento uma coisita:
a arte faz parte dum processo egoísta e faz bem à alma se bem aplicada.
à nossa e à dos outros.

Catarina disse...

sou uma leiga no assunto, mas sempre me pareceu existir um conflito na questão geral de arte vs. dinheiro vs. democracia:

se um artista trabalha, independentemente da sua qualidade, e não tem financiamento, os seus projectos finais não chegam às Pessoas (mas sim à pequena elite...)


Se a sua arte chega ao mainstream e consequentemente o dinheiro, muitas vezes fica desvalorizada pelas elites simplesmente por ter saído da redoma.

....

Então ... mas a arte não é o veículo transformador da sociedade e de mentalidades? Se a protegermos contra o mundo globalizado de hoje, 90 % da população fica na "ignorância". É uma ditadura.

Será que há um meio termo?

Eu concordo com o Sal e com o Ricardo. É o sumo que interessa, depois as pessoas fazem a escolha. O que interessa é que chegue a todos. Porque é muito fácil para mim que tenho internet ou conhecimento disto ou daquilo, criticar quem não conhece ou os incultos dos meus vizinhos .. mas será que não estou a ser egoísta e proteccionista?


Já me estou a desviar do tema.

kiss

Rui disse...

fico muito triste com a ideia de que o CD tende a desaparecer porque eu gosto de ouvir os CD enquanto vejo o artwork e leio todos os textos do livro...para ouvir um album composto por ficheiros enfiados num qualquer leitor de mp3 não me sabe ao mesmo...mas tambem tenho os mp3s e afins e porquê? porque os CD são extremamente caros para a minha bolsa..alguns (poucos) comprei em promoção e outras vezes tinha mesmo de o ter independentemente de me custar 20€..
fico mais contente porque agora tenho acesso a CDs a 6/7£ outros a 10£ mas muitos cds a preços acessiveis para a generalidade dos consumidores de musica..e porquê desses preços em inglaterra? se calhar porque vendem em muito mais quantidades do que num país pequeno como é portugal? ou será a industria a funcionar? não sei! só sei que fico contente com isso!

eu como musico sempre vi os concertos como espectáculos....não sabia que não se podiam confundir, a não ser que se esteja a falar aqui de showbiz...
uma coisa com que não concordo é a tal historia do Matrix, de controlarem o que ouvimos o que vestimos, eu ouço o que quero e ninguem me obriga a ouvir outras coisas e visto o que quero mas se calhar penso assim porque estou envolto na matrix e não me apercebo, se assim for espero que o Neo nos venha salvar rápido...
não entendo esta historia toda contra o fazer dinheiro com a musica, e é preciso cuidado com os comentários porque podemos correr o risco de ser hipócritas...hoje somos contra toda a industria da musica amanha já somos a favor porque parece que uma dessas editoras que controlam o mundo quer assinar com a nossa banda e vamos poder finalmente viver da musica!
eu gostava de viver da musica sabem....aquela coisa de dar concertos ter pessoas á tua frente a cantar as tuas musicas e no final do concerto receber dinheiro suficiente para fazer a minha vida e continuar a ser musico...isto porque ser musico e trabalhar numa fábrica não é fácil...e ser musico desempregado tambem não...mas se me pagassem pela minha musica é que era..ganhava a vida a fazer uma coisa que gosto...mas serei criminoso por querer isso para mim?? estarei a roubar alguem?? depende do preço dos CDs e dos concertos...mas lá está, isso depois depende da editora que ESCOLHER para mim, se nenhuma não me agradar continuo com os meus ideais até arranjar outra...se ela nunca aparecer ao menos tentei...
gosto de musica, não me perco em filosofias a pensar se é boa se não é boa, gosto de musica e se podesse viver dela vivia...é melhor ganhar a vida a tocar guitarra do que enfiado numa fábrica no meio do aço ou a fazer paredes á chuva...
com isto tudo veio-me á cabeça aquele ultimo discurso do renton no trainspotting...
cumps e desculpas pelo devaneio...

Rui disse...

"this is a Job"

http://bp2.blogger.com/_2olDUv3yeOw/Ry4zgvB0dBI/AAAAAAAAABM/qOLSwN1zKr0/s1600-h/South+Bank+Guitarristresz.JPG

++!++ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
++!++ disse...

Ricardo,

1 º Não critiquei os músicos nos meu comentários. Respeito-os mesmo quando não gosto do que criam.

2º Não critiquei a existência de qualquer formato que divulgue música nem de quem ganha ou perde dinheiro com ela.
Sou a favor de todos os formatos. Mesmo daqueles que ainda estão por ser inventados. Não tenhum fetiches por nenhum.

3º Critico a forma como lançáste o debate..
Queres discutir a música enquanto produto de uma Industria ou queres elogiar um objecto que gostas muito: o cd ?

4º A imagem do Matrix foi apenas para te lembrar que tu és músico e não és empresário da dita Industria que referes.
No teu texto inicial lanças exactamente as mesmas dúvidas e preocupações dos presidentes das 4 multinacionais que controlam a Industria discográfica. Preocupações viciadas. Fazer crer que existe um problema com a música só porque existe uma diminuição da venda de CDs (objecto fetiche)? Dizer que este é um problema que põe em causa a promoção, a divulgação e até, quem sabe a existência da arte e do próprio artista ? Mecânicos e automóveis ?
Francamente Ricardo! Acorda do Matrix.
A música e os músicos nunca estiveram tão bem ! Não te deixes influenciar/manipular com falsas conversas.

5º Ainda o Matrix :
Sei que há pessoas que acham que controlam tudo.
Eu sei que sou controlado.
Preocupo-me em saber como, por quem, e quando.

Preocupo-me mais em saber porque é que se faz perguntas do que as respostas que se arranja para elas.

Podes chamar filosofia a isto. Porque é.

Mas sabes porque fizeste aquelas perguntas no teu post ?

Procura saber e percebes as minhas respostas.


6º Não faltam potenciais ditadores que gostariam de definir o que é bom e o que é mau na arte e controlar os gostos das pessoas proibindo-as de ouvir isto ou aquilo que consideram mau em nome dos "verdadeiros artistas".
Gosto do sistema em que vivo. Economia de mercado. Mas critico abusos de posições dominantes.

7º Não critico o negócio da música.
Até porque entendo como funciona o mundo dos negócios.
Podia falar-te da "mão invisível" de Adam Smith entre outras teorias básicas....mas poupo-te a isso...
Nunca critiquei quem ganha dinheiro com a musica nem quem perde. Para mim é completamente irrelevante.
Prefiro saber como funciona o negócio.

-->Mas critico fortemente o oligopólio que de uma forma oculta manipula os músicos ao ponto de os fazerem escrever posts preocupados com o negócio da venda de CDs.


: )

++!++ disse...

Carlos,

"A arte pode ser um processo egoista." ???

Já ouvi dizer que algumas entidades altruistas dão umas dicas overnight.

Prefiro assim:

a arte faz parte dum processo que faz bem à alma quando aplicada com amor.

:o)


Hugs!

Anónimo disse...

Queria só deixar uma citação que tenho aqui num livro intitulado "Que é a Musica?" Escrito por Manuel Valls Gorina em finais dos anos 60. Pareceu-me pertinente.

"O dilema que se apresenta ao compositor é bem claro: ou cria para seu próprio gozo e para resolver um quebra cabeças sonoro, ou pensa comunicar com o público e então é lógico exigir um principio de inteligibilidade. Por outras palavras: ou faz uma musica sem préstimo,(...)ou então a comunicabilidade da sua criação há de estar pensada em função da sua possibilidade de compreensão. (...)
O génio musical de Bach serviu o culto eclesiástico, e assim o compositor ganhou o seu sustento. A musica de Haydn estava ao serviço do principe Esterhazy, a de Mozart, ao serviço do bispo Coloredo. Beethoven, bem ou mal, viveu da musica, na base de uns contratos (nem sempre cumpridos) com os seus editores. Chopin e Liszt fizeram igualmente da musica o seu modus vivendi, como a maioria dos musicos de todos os tempos (Monteverdi, Haendel, Berlioz, Bellini, Hoffenbach, Verdi, etc...)(...)
No nosso tempo, é raro o musico ou criador que faça da musica o seu meio de vida, (...)o compositor terá que dedicar-se a um "pluriemprego" (...).
tudo isto parece indicar que a composição actual, como arte pura, é socialmente falando, alguma coisa sem utilidade imanente e de duvidoso proveito transcendente, precisamente pelo seu carácter experimental e pelo reduzido alcance social do que se considera as suas mais qualificadas manifestações."

Ana_Leorne disse...

ok, e eu simplesmente comentei aqui no finalzinho para saberem que apesar de não ter nada para dizer (porque a maior parte das coisas já foi aqui dita e dá pano para mangas) tenho estado a ler esta pequena mesa redonda formato web para tentar encontrar algumas respostas. principalmente porque como músico (ou música, mas creio que não existe o feminino) gostava muito de saber onde me situo. e porque não sei em que acreditar. nem sei se devo acreditar. nem sei se devo saber se devo ou não. isto, mais que uma luz ao fundo do túnel, pode tornar-se luzinhas em demasia e depois já ninguém sabe para que lado é a saída, mas juro que se soubesse do que ia ser o meu futuro a trabalhar na música, sentia-me como se tivesse descoberto o ovo de colombo. mas creio que também não tenho vontade de saber. posso-me assustar e depois achar que já nada faz sentido e baixar os braços e deixar de fazer algo que me dá o maior prazer simplesmente por achar pointless. eu sei que não devia, Gahnah, mas às vezes dá-me para o sentimentalismo e tal. e este tema desperta em mim emoções tão arrebatadoras e dramáticas como se se tratasse de uma constante TPM.


beijos do norte

++!++ disse...

Ana,

"Conhece alguém as fronteiras à sua alma, para que possa dizer - eu sou eu ?"
Fernando Pessoa

Anónimo disse...

gannah, 2º ponto:
Se és a favor de todos os formatos, incluindo o CD, porquê defendes tanto a imaterialização? Não o devias defender? É preciso um fetiche para isso?
Tu separas (e aqui desentendemo-nos claramente) a musica, do seu formato de apresentação e da sua relação com o receptor, eu acho-os indissociáveis neste contexto.
Acho que a imaterialização da musica irá interferir com a musica. Hoje a musica está melhor que nunca, tens razão. Amanhã, não sei (ainda nao percebi se é bom ou mau, frase usada no post principal).
De que serve esta revolução na musica se ela não chegar ao receptor?
Porquê imaterializar e não conjugar formatos?! Porque não tornar o CD acessivel?

3ºp: Criticas a forma que eu lancei o debate.
Quero discutir o fim de vida de um produto/obra material e a sua influencia (directa ou indirecta) numa forma de arte. E acima de tudo, quero comunicar, quero saber o que pensam. Foi assim que lancei o debate. Como diria o Charles Manson: "Não tenho culpa que não me compreendas"

4º- obrigado por me lembrares que sou musico e nao empresário. Sou também ouvinte de musica, consumidor de musica.
Se me preocupo com o fim de um formato/produto (o q quiseres) que está ligado a mim, é normal que as 4 majors se preocupem ainda mais. Mas sim a nossa preocupação é comum, e depois?! As escalas de preocupação são bem diferentes. Eu durmo bem à noite com isso e eles talvez não.
Gosto do Cd, não gostava que desaparecesse. Venham outros formatos fisicos igualmente bons e eficazes para que eu o esqueça!

"Dizer que este é um problema que põe em causa a promoção, a divulgação e até, quem sabe a existência da arte e do próprio artista?"
Na minha opinião, divergente da tua, acho que SIM, pode vir a ter influencia na promoção, divulgação da obra e pode em risco a sustentabilidade do artista. Hipotéticamente.
Como diz o o valls gorina, aumenta o caracter experimental mas reduz o alcance social. se reduz o alcance social, põe em causa a sustentabilidade do artista, por tudo o que está relacionado com o marketing do produto e seu alcance. Repito: acho que a musica e a sua apresentaçao sao indissociàveis neste contexto.
Não quer isto dizer que o artista deva arrumar as botas rabugento porque nao se conseguiu sustentar... eu pelo menos, não desisto só porque não me dá dinheiro. Até porque já o teria feito. O saldo é profundamente negativo. A minha bateria é mais cara que o meu carro e agora nem lhe toco... :\

5º ponto- desculpa mas não tenho capacidade para filosofar. não atinjo. sou assim , burrinho... não tiro a cabeça do matrix... :D

isso de não te preocupares com respostas que se arranja para as perguntas vejo que é verdade. Ignoraste tudo o que escrevi e não respondeste às perguntas que fiz. Mas não respondas. As respostas eram fáceis. :)))

No ponto 6, estamos em acordo! Também sou contra abusos, imposições! São as tais Ashlee Simpson, 50 cents, Justin Timberlakes... A arte e o talento artistico deviam prevalecer.

E terminas lindamente com a filosofia do oculto...
O Oculto que tu vês, topas, não comes, desmascaras e ainda dizes que é oculto. Se afinal de contas tu conheces o negócio, oculto porquê?!

O matrix existe. influencia a sociedade e a sua direcção. é uma realidade cultural. colhe-se o que se planta.
Mas não acho que seja o matrix que me está a dar a volta à cabeça e que me motiva a escrever um post. O que motiva é saber o que os outros pensam sobre este assunto, discutir ideias e APRENDER.
Já agora deves achar que escrevi uma carta ao chairman da Universal a expressar a minha solidariedade com o problema deles. :)))
Não me tomes por parvo, Tiago.

Abraço

++!++ disse...

Ricardo,

Estás a ser pouco honesto na forma como interpretas as minhas frases deturpando aquilo que eu escrevi.

Fiquei preocupado no facto de colocares nesta "conversa" o nome de Charles Manson para citar um frase que no mínimo é vulgar. Perante tal vulgaridade depreendo que querias mostrar que tens simpatia por esse senhor.

Os meu referenciais e valores acerca da arte são definitivamente diferentes dos teus.
Por isso não nos entendemos nesta conversa.
Trocamos ideias e comunicamos isso é o que levo de positivo desta "conversa imaterial".

Não concordo em absolutamente nada com o que transcreveste do Gorina.

Já agora uma citação de um autor que acho muito interessante :

"o artista deve trabalhar sobre si mesmo, aprofundar-se, cultivar sua alma, enriquecê-la, a fim de que seu talento tenha algo a cobrir. Deve ser cego em face da forma, como também surdo aos ensinamentos e desejos do seu tempo. Seus olhos devem estar abertos para sua própria vida interior, seus ouvidos sempre atentos à voz da Necessidade Interior.".
Kandinsky


Um abraço

poisbem disse...

vou citar-me a mim próprio, para começar: "espírito panque é fazer-faz" e depois deixo uma frase desse senhor que depreendo que o tiago não gosta e que ele depreendeu que o ricardo gostava: "there's crime, 'cause you sell crime".
há merda na industria pq se vende merda. pq o capitalismo é autofágico e insuficiente e ursopador por si só. é estabelecer poder de compra e outros tipos de poder que não me interessam para nada. se me perguntam se os uso, pois sim. aprendi à custa de muita porrada que é bem mais eficiente reclamar com bons modos dentro de portas do que ficar à porta gritando sem nos ouvirem. esta é a minha realidade. física e material. o preço mete-me nojo. o cd é porreiro. a música, vá lá.quero deixar algum apreço público por quem a faz, não estando solidário necessariamente com o seu produto. e como tudo é produto e já se vendem ideias, torno esta pública, pois não tem preço: a arte é livre. freikunst.
dito isto, viva o cd, viva o mp3 e viva o livre arbítrio.

Anónimo disse...

Irra, Tiago, começas a irritar-me. Primeiro não percebias o que eu queria discutir, eu explico-te, e ainda assim, desvias-te do tema. Quem está a deturpar o tema és tu, ainda assim não te acuso de falta de honestidade. Se é para partirmos para insultos prefiro parar de discutir.
Citei o Manson. como podia ter citado a minha avó. Ela pode ainda ser mais vulgar, mas se calhar ainda te ensinava umas coisas. Não subestimes os outros só porque são vulgares. Everyone's got something to say! Não tenho particular simpatia por ele, nem antipatia. Nem o conheço!

Há aqui 2 temas distintos neste post: os referenciais e valores da arte, em que estamos num profundo e salutar desacordo, e a relação CD/imaterialização/futuro/musica/ouvinte/artista/sustentabilidade, que até agora tens ignorado por completo e sobre a qual ainda não teceste uma consideração.

1-Sobre os valores da arte acho que não vela a pena discutirmos mais, apesar de querer abandonar este tema com uma citação, que acentua a nossa divisão:
"Descobri, no entanto, que por ser ambigua e efémera, a canção só vale se for articulada com um sério trabalho de massas. Aí está a eficácia dos que, através dela, se manifestam e justificam. Disso, pelo menos, estou seguro, e desafio qualquer fiscal da cultura, ou cão-de-guarda da coerência alheia, a provar o contrário" José Jorge Letria (A arte de armar)
Tu achas que a Arte se deve reger pela Necessidade Interior (ego), eu acho que a Arte é Comunicação e Interacção. Vejo a mais bonita assim.

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2-Sobre a relação CD/imaterialização/futuro/musica/ouvinte/artista/sustentabilidade, gostava de te lembrar, com o mesmo tom de subestima que usaste contra mim, de que além de musico, és pai.

Quero que imagines este contexto daqui a 20 anos:
2027... o CD extinto. Não existem CDs nem lojas de musica.
O teu filho terá aproximadamente 22 anos, é um alvo perfeito para o Matrix.
Se a musica por esta altura estiver confinada à imaterialização estará o teu filho mais livre do Matrix do que estamos agora?!
Preciso lembrar-te que a Internet é provavelmente a fonte preferida dos "gestores do Matrix"?
Cada clic te identifica, cada clic te rotula. Concerteza já andaste no Amazon e já leste "people who bought this product, also bought X". Quantos sites te perguntam "wanna meet girls in Marinha Grande?" e tu pensas: porra, como é que eles sabem de onde eu sou? Até já no Myspace isso acontece.
A internet afunila o Matrix, torna o controlo e a standarização, ainda mais fácil.
Qualquer dia eles sabem a cor das tuas cuecas, sem que seja precisa uma Webcam!!!
É isso que queres para o teu filho?! Que dependa da internet para obter musica? Será que queremos uma juventude agarrada e dependente do Cybermundo?
Como é que lhe vais explicar para ele não se deixar influenciar? Vais lhe contar histórias de poderes ocultos?

Cuidado com o que desejas, what you reap is what you sow.

Provavelmente vou estar ausente do PC nestes dias, pq vou ver se acabo o album dos monkeys. Quero deixar-te um abraço e que apesar de estar em desacordo contigo, gosto de ti. Ao menos tens personalidade. Se 8 em 10 fossem como tu, o Matrix não nos comia por parvos. Mas por favor, não me insultes.

O CD é porreiro, o preço mete-nojo!!! é isso, Sal, eheh.

Anónimo disse...

Olha, se calhar é melhor esqueceres este ultimo comentário...
É verdade que eu tenho de me deixar de preocupar com o CD e sustentabilidade do artista. Tenho de perder a mania que alguma vez me iria sustentar com a minha musica.
Não é que eu não o soubesse já...

A musica vai sempre existir, com ou sem CD, com ou sem alcance social.

Vou querer editar um CD com os Monomonkey, vou querer vendê-lo via digital, vou querer molhar a sopa. Mas como acontece com, todos e eu não sou diferente, cedo me vou desiludir. Bem desiludir não, porque já nao crio ilusões.

Mas em breve vou querer fazer musica e oferece-la. E a industria discográfica que fique com os problemas. E a industria da musica que se reinvente para se safar!
Fico com pena do pobre Cd, fico com pena de alguns artistas que vão perder o meio de sustento (coitadinhos, eheh), mas é a vida!!!

Viva a musica. Viva a arte livre e o livre pensamento!

Um abraço a todos.

Rui disse...

finalmente a questão inicial...o pobre do cd que corre riscos de deixar de existir...a musica vive por si, como dizia o carlos tem valor se for sincera e concordo com isso...
não gosto de hipocrisias e sempre que vejo musicos falarem de sistemas e de matrix só me lembram o dias loureiro..deixem de ser hipocritas porque se uma label grande vos bater ha porta não vão dizeer que não! que me lembro o CD de umpletrue não é de graça, pago pelos concertos! e porquê? eu pago porque concordo em pagar, acho que vale a pena e vou comprar o cd porque tambem acho que vale a pena porque sou livre de escolher isso! agora não me venham com historias que de historia estou farto, ouço falar muito mas vejo muito pouco para contrariar isso! façam musica divirtam-se a faze-lo sejam sinceros convosco e com os outros e deixem essa mania da perseguição e essa hipocrisia arrogante!
estou irritado!!

ziggy disse...

Entre um cd com bom som e um album comprado no iTunes em ficheiros com bitrato de 128 kbps quem é que está a fazer render a industria, a matar a arte e a comer-nos a cabeça???

Bruno Monteiro disse...

ziggy, é o Sam da Kid?

Bruno Monteiro disse...

Não ligues à última!

Eu nem me quero meter muito a peito nisto... Não lhe consigo agarrar bem as pontas, está toda descampada!

Para ser sincero, eu acabava com os downloads! Estou a ficar sem espaço no disco, e os discos estão caros, não tanto como os Cd's, ok, ok!

Uma coisa é certa, a Internet e as novas tecnologias viraram ou andam a virar isto tudo, e isso para uns é bom e para outros é mau, depende dos gostos, maneiras de estar ou interesses, não acho que possa ser discutido assim.

Em relação à Internet e Pc's, começa a ser um exagero a dependencia e a quantidade de merdas que lá metemos dentro, estamos todos apanhados e sem escape!!!

Acima de tudo acho que as diferentes opiniões não podem gerar conversas e discusões sem fim, há um fim, e se calhar já o passaram.

++!++ disse...

Ricardo,
Também gosto de ti !

Sobre o tema "CD/imaterialização/futuro/musica/ouvinte/artista/"

Já te disse o que pensava.

Mas vou-te resumir os meus comments para não continuares a acusar-me que não disse:

1 Há mais música e mais diversidade

2 Existe uma crise na Industria discográfica (ou venda de discos)

3 O modelo de negócio está a mudar e abrange :merchadising, publicidade, concertos, etc.)

4 A promoção enquanto parte integrante de um modelo de negócio apenas promoverá o que dêr lucro.

5 Sou a favor da crise discografica porque acaba com oligopolios existentes (4 majors) que nos condicionam os gostos.

6 A musica enquanto arte não pode ser analisada nos mesmos principios dos modelos de negocio que visam unicamente o lucro. (por exemplo: promover arte não é o mesmo que promover um negócio já que muitas vezes implica ter prejuizos avultados. Ex: a Antena 2 dá prejuizo).

7 Portanto, discutir promoção/artista/musica/cds etc. enquanto modelo de negócio (os CDs são vendidos não são dados) é aprisionarmo-nos. A isso chamei Matrix porque assim limita-nos o espectro de opinião.

8 Baú: Hoje a música é mais acessível.

9 Perguntei-se quanto é que um artista deveria ganhar. Não me respondeste. É uma pergunta que obedece a dois tipos de resposta. Ou aceitas a economia de mercado e o salário depende da procura vs oferta, ou defendes uma decisão de um "ditador" que decide o que é justo ganhar. É esta a resposta. É simples.

10 Eu opto pela economia de mercado.

11 Musica e espectaculo (ou concertos se quiseres chamar) são duas coisas diferentes para mim. (Obviamente que são complementares nuns casos e dissociáveis noutros, nunca te disse o contrário).

12 Não critico qualquer formato. Sou a favor de todos. Quantos mais melhor.

13"Preocupo-me mais em saber porque é que se faz perguntas do que as respostas que se arranja para elas."
(nunca te disse que não me preocupava com as respostas, ao contrário da tua "acusação")

14 Não critico quem ganha dinheiro com a musica nem quem perde. (sou a favor que se ganhe tal como sou a favor que se perca dinheiro com a musica).É-me irrelevante.

P.S. Necessidade Interior é diferente de "Ego". (esta associção não é a correcta).

Por fim,

Reconheço-te finalmente no teu último post.
Numa palavra : Sincero.

Um grande abraço e que corra tudo bem !

Anónimo disse...

Olá!
Ainda tive tempo de vir mandar aqui uma ultima posta!

Tiago, achaste-me sincero no ultimo post porque aliei o tema à minha vida pessoal. Até este ponto estava só a discutir o que penso sobre o assunto em geral. Mas fui sincero e coerente com aquilo que penso durante toda a conversa.
E sim, tu afinal respondeste, só que fou um bocadinho aqui, outro bocadinho ali. Fizeste bem em sintetizar.
Os pontos 1,2,3 e 4 são constatações verdadeiras.
No ponto 5... não sei se concorde em absoluto, pois não é por deixar de haver venda de discos que o Matrix vai parar, e que as 4 majors vão deixar de ter poder de influencia. E se não forem eles, ha de haver alguém a fazê-lo. Daí eu achar que não sei se o futuro a longo prazo será melhor com esta crise discográfica. Sou a favor da crise discográfica até ao ponto em que os assuste tanto que sejam obrigados a baixar os preços.

No ponto 7, eu quis sempre manter essa relação e essa analise (chama-lhe limitativa) porque acho que essa relação vai influenciar o futuro do musico "alternativo" e independente. Como os Melvins por ex. Bandas com carreiras modestas vão perder o seu lugar ao sol e o seu direito a viver da musica. A menos que a industria da musica se reivente e eles se integrem.

8: Bau- A musica está acessivel a um clique de distancia, ao mesmo tempo que as obras dos artistas independentes perdem alcance social.

9- Respondi a este ponto, sim sr. Disse que não queria salários padrão, nem sindicatos, nem subsidios, queria apenas uma carreira modesta com uma venda de cds modesta, uma tour modesta... suficiente para pagar as contas e meter comer na mesa. Não é pedir muito.
Escolhi portanto, a economia de mercado.

11- Musica e espéctaculo têm 2 significados diferentes no dicionário, daí tu achares que elas são diferentes, porque são.
Mas no contexto da (maioria)da musica actual são indissociáveis, porque ambas garantem o sustento ao artista. Seja o sustento da alma, ou o financeiro.

Se "Necessidade Interior é diferente de "Ego"", whatever...
Esse tipo de filosofia, parece-me querer ir para São Pedro e andar às voltas na rotunda :))))

Um abraço!

Anónimo disse...

A este respeito, não posso deixar de valorizar a saída encontrada pelos Einsturzende Neubauten neste "Alles Wieder Offen".
Abraços!