A banda de garagem
Um dos piores estatutos que se pode ter no meio musical de hoje é ser uma banda de garagem. É pior que ser piroso, que ser pimba, que ser mal amado e que ser o Mickael Carreira e o pai juntos. Ser uma banda de garagem é do mais reles que pode existir.
A banda de garagem raramente toca. Convidar uma banda de garagem para tocar, é uma benção dada pelo organizador do evento. É um favor. Daqueles a que se deve agradecer, e até, tentar compensar em géneros.
A banda de garagem não tem fãs nem adeptos. Os que aplaudem estão bebedos. Se dançarem estão notoriamente drogados.
A banda de garagem não faz musica, faz barulho. A banda de garagem nunca alegra, incomoda.
A banda de garagem não tem direito a cachet, quanto muito, o organizador oferece 50 euros e um jantar, para uma banda que tem que fazer 200 KM para ir tocar e tem que levar 2 carros. E é um favor!
Isto quando a banda não tem que pagar para tocar, como vi esta semana num concurso para bandas de garagem, em que a banda tem que pagar 10 euros para que a organização ouça o CD, perca a sua propriedade, e assuma todos os custos caso tenha que se deslocar para tocar, na eventualidade de ser seleccionada. Neste caso particular a organização orgulha-se de pagar jantar, que na realidade não paga, a banda é que o paga no acto da inscrição. E se o jantar for frango, a organização ainda lucra um bocadinho.
A banda de garagem não faz exigências, pelo contrário, as exigências são lhe feitas. A banda de garagem só tem direito a check-sound se chegar à hora exigida pela organização.
A banda de garagem não vale nada. O facto de as bandas fazerem as suas composições não vale absolutamente nada. As bandas de covers têm muito mais valor, pois é tecnicamente muito mais dificil tocar musicas compostas por outros do que fazer as suas próprias musicas. Isso, qualquer um faz. E as bandas de covers sabem sempre o que o publico quer. É por isso, é que nos concursos de musica se pede que a banda de garagem toque um cover. Para mostrar ao publico o que vale realmente. A musica da banda de garagem até pode ser gira, mas qualquer banda de outro país que não o nosso, é sempre melhor. Lá fora é que se fazem bem as coisas. As bandas lá fora, nem são de garagem, são "unsigned bands". Só aqui é que insiste em por a banda na garagem, sorte que ainda não tenha sido deslocada para a arrecadação ou para a dispensa. No fundo a banda de garagem ainda tem sorte por ter um tecto.
Somos uns sortudos!!!
Um abraço às bandas de garagem cá da terra. Bendita localidade da Ordem que nos deixa existir.
17 comentários:
é muito sofrido este desabafo. bem sei que as coisas não são justas, mas com alguma promoção e insistência (a par de talento) a coisa vai ao sítio. tb oiço que nao há muitos sítios para tocar (facto q desaprovo), mas penso que com alguma inteligência se podem resolver as coisas e espaços não faltam.
ou queres que te fale de fazer noise em portugal?
não me queixo dos meus gostos. acho sinceramente que as bandas que não saem da garagem ou é porque não se esforçam ou porque não teem talento. ou então teem muitos inimigos, mas não vou entrar numa de miserabilismos. espírito panque é fazer. faz ! faz ! faz !
"you're gonna reap just what you sow"
por momentos identifiquei-m...
ca no porto n há bandas de garagem, há bandas de estúdio, k vai dar ao mesmo, soh k desembolsas 15€ por cada duas horas de ensaio (kd n é mais), o k faz c k rentabilizes o teu tempo...
pois... tens que calcar uns sapatos bonitos. pentear o cabelo com estilo (nao de uma forma qualquer). e essas coisas todas por ai fora, para parecer bem. depois agarras na guitarra. mas só depois.
bem... nem sei que te escreva. mas realmente foi um desabafo sentido.
um dia ainda te entrego o grammy em los angeles... e depois?
Engraçado... ainda do outro dia disse exactamente isto: " Banda de garagem!? Que termo mais reles!"...
Não consigo perceber o pq desta designação... Está bem visto este post...
Eu gosto da designação bandas de garagem. Não a acho negativa. Foi nas garagens (leia-se quartos, salas, sótãos, caves, garagens e arrecadações) que nasceram grande parte das bandas que acompanharam musicalmente a minha vida. O termo não é depreciativo. Só alguns energúmenos é que lhe dão um termo depreciativo. Que eu saiba, a galinha antes de o ser é ovo. Uma rã só é rã depois de ser girino. Uma banda não nasce num dia e começa a editar no outro.
Ainda este fim-de-semana, o senhor que tratou do som de um concerto nosso estava a referir-se a nós como "banda de garagem". É curioso que pensou um bocado e disse "digo isto mas não que considere que as bandas de garagem são menos que as outras". De facto, somos o familiar pobre da música mas sem o qual não existiria novidade. É preciso mesmo muito estofo para aguentar algumas merdas que só se aguentam se os elementos das bandas gostarem memso do que fazem.
Um abraço!
"É preciso mesmo muito estofo para aguentar algumas merdas que só se aguentam se os elementos das bandas gostarem memso do que fazem."
é preciso é fazer o que se gosta. sem estofos
ok...
Um dos piores estados de uma banda é querer ter um estatuto.
Para se SER músico não é preciso ter fama, tocar ao vivo;ganhar dinheiro;ter publico;compor;vender discos; ser capa de jornais e revistas;fazer videos e telediscos....
Por outro lado se quered TER o teu espaço no Show Bussiness acho que tens razões para ficar preocupado...
os Canker, por exemplo, nunca foram uma banda de garagem. Apenas uma banda de barracão! Lol!
E digo-vos desde já que é bem nice.
O cenário "bandas de garagem" é uma realidade que será muito dificil de mudar.São termos muito enraízados.
Se as bandas não tiverem um certo nome, são bandas de garagem, e mais nada.
Nunca liguei a isso. Cada um sabe do seu valor e só tem de lutar por isso.
Ou não.
Saudações a vocês, malta da Marinha!
Oh Gana desculpa lá, querer ter lugar no "showbiz" e ter a possibilidade de lançar um disco não são a mesma coisa. Eu não ambiciono tocar no Sic 10 horas nem ter 50 mil fãs num estádio a gritar o meu nome, quero apenas espalhar a musica por mais pessoas. Tê-la acessivel ao maior numero de pessoas possivel. Achas que isto também é razão para estar preocupado? Achas que é pedir muito?
E se achas que sim, porque é que lançaste um album com o Estado Sónico, e porque é que batalhaste tanto para o por na rua?
Seria muito hipócrita se viesse com falsos puritanismos.
Acho que o post é bem claro. O que falo é da falta de respeito para com os criadores de musica original e das dificuldades que têm para ser ouvidos em Portugal.
Já agora Gana: Porque é que tens myspace? Porque é que estás na Plastic4records?
Grande abraço. Tenho uma ENORME consideração, respeito e admiração por ti, mas confesso que de vez em quando não te entendo.
Ps- Vê lá qd é que queres que grave lá umas baterias! No outro dia, estava a falar a sério! ;)
Ricardo...
(Confesso que houve alturas na minha vida em que me deixei envolver (in)coscientemente pelo secreto desejo de alimentar o meu Ego com fama e sucesso disfarçado de "divulgação")
Tudo - mas mesmo tudo- o que escreveste eu já senti há muito tempo atrás.
Percebi tarde que o mais importante na música é a razão pela qual te envolves nela.
Gravei o disco do Estado Sónico e fui-me embora (como sabes).
Era mais óbvio gravar o teledisco, fazer-me à estrada, gravar e "lutar" pelo próximo disco, etc....
No fundo seria transformar-me parte integrante de uma empresa: que produz, executa, divulga e vende um produto.
Em nome de "quê" ?
Revoltar-me com as dificuldades económicas e de divulgação do "produto" em nome de "quê" Ricardo?
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É muito bom viver e fazer parte da época das "bandas de garagem MUNDIAIS"; da pirataria; do principio do fim de todos os direitos de autor; do myspace; da criação de editoras como a Plastic4; da gratuidade das músicas; do fim das majors, da desmaterialização dos formatos, etc.
Estamos a viver uma revolução brutal no mundo da música como nunca houve e eu quero participar.
É só isso.
PS: O homem nada cria, e muito menos cria algo original.
..ahh obrigado pelo teu elogio...
afagou-me o ego : )
8estas coisas lamechas dos músicos...)
não leves tão a peito os meus posts..
gosto de mandar pedras só para vêr as ondas do rio... bater nas margens.
..temos de falar........ : 0 )
fdx... o gana! nao é por nada, mas em nome de "quê"? tás-me a imaginar rockstar? as GAJAS, no hotel, as luzes, os agentes e guarda-costas. nao me perguntes para "quê"? estou mesmo a pensar candidatar-me... já comecei a divulgar. eheheh!
Pois Gana, eu bem sei que daqui a uns anos também estou a fazer como tu, compro um gravadorzito de pistas, uma bateria digital e ja nem saio do apartamento a fazer musica. E quem sabe se a musica chega também a sair do apartamento. E fico satisfeito.
Mas, por agora, entendo que tenho que dar o meu máximo para queimar estes ultimos cartuchos.
Eu até já tinha desistido, de tentar "fazer alguma coisa da musica", pelo menos no que toca a promoção, divulgação, bla bla bla... quando juntamos os monomonkey cheguei mesmo a dizer ao pessoal que nao tinha qualquer ambição com aquela banda, porque estava farto do processozinho ingénuo de gravar maquete, mandar pra radio e pá editora. Queria pura e simplesmente tocar.
Por ironia do destino foi com esta banda que sem procurar nada, se abriu uma primeira porta (pessoalmente explico te propriamente do que estou a falar)e entendo que deva dar o meu ultimo folego.
Claro está, que quanto mais me embrulho no esquema de banda-produto (como disseste, e concordo plenamente) mais frustrações apanho. E certamente hás de lhes conhecer o sabor tão bem como eu, a diferença é que na altura não tinhas um blog para escrever.
Agora, em relação àquilo que me move para tocar... não tenho duvidas em afirmar que é pelo prazer que me dá. Pelos arrepios na espinha e pela pele arrepiada quando soa aquele acorde. É isso que me move.
Agora perguntas: Mas precisas da industria musical para ter prazer? :D
A esta pergunta terei o prazer de te responder enquanto bebemos um copo. Já tinha a resposta escrita mas não a quero ver escrita num blog...
Não tenho nenhum contacto teu... o meu mail é ricardomono@gmail.com, podemos combinar esse copo um dia destes, talvez até amanhã, nos encontremos.
Não te preocupes, não levo os teus posts assim TÃO a sério, o pior é quando respondo a quente, sem pensar. Depois olho para a resposta e nao gosto. Não pareço eu. Mas depois faço como tu: espero para vêr as ondas do rio... bater nas margens.
Abraço.
hum. bandas de garagem, ja tive algumas..
e nao me considero o descobridor da polvora mas aposto q sei pq se chama "bandas de garagem" a culpa meus senhores e do baterista, passo a explicar, um miudo recebe uma bateria como prenda de natal certo!! agora sitio para por a bateria?? no quarto nao pq o quarto e um sitio de descanso, no quarto dos pais nem pensar, na sala de estar fora de questao, ou em qq outra divisao interior da casa, entao resta-nos "A GARAGEM" e ai esta se fosse uma banda so de guitarras podia se chamar banda de quarto pq uma guitarra nao ocupa o espaço de uma bateria.. enfim e so uma teoria..
Ricardo concordo com todas as palavras q escreves te neste post..
agora a minha opiniao:
Acho q todo o artista gosta de ser reconhecido por akilo q faz ou caso contrario deixava de o fazer, ou fechava se em casa a faze-lo so pra si.. pagar pra tocar nao e sempr fui da opiniao q nos devemos ser os primeiros a valorizar o nosso trabalho, se lhe reconhecemos valor pq nao assumi-lo??
somos nos a novas bandas q vao surgindo q temos de começar a por termo a estas denominaçoes inferiorizantes, pq em mts garagens d mts paises se cria boa musica..
abençoados os tempos passados nas garagens, caves, anexos, casas podres de avos de netos:) hehe
abraços per tutti
e sabado nao esquecer do grande concerto REMARINHA
pertinente, RICARDO. fora do meio musical, nunca tinha pensado no q sentiriam as bandas acerca da designacao.
falas do apoio á criacao original, e eu aplaudo.
o q é nacional, pode n ser bom, mas qt mais s fizer, melhor será, pelo menos em probabilidade.
POIS BEM, de facto o q interessa é fazer o q s gosta. fazer, fazer, fazer. independentemente do redor.
BRUTAL e a teoria da bateria...;)
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