22 agosto, 2005

Relatório Paredes de Coura 2005

O festival este ano foi tão bom, que acho que merece uma reportagem do enviado especial do Garagem da Vizinha, eu mesmo.

Capítulo 1: Estrutura, organização do festival
O Paredes de Coura 2005 (PC/05) teve algumas diferenças em relação ao ano passado. A maior, mais visivel e mais passível de discussão era o preço do bilhete, 80 euros. Nenhum outro festival praticou preços tão elevados. Ao longo do festival aceitou-se a razão do aumento dada a qualidade do cartaz e das condições proporcionadas pela organização.
Notei desde o início que haviam menos "mitras" que nos outros anos. No ano passado um amigo meu foi assaltado e por todo lado haviam gajos a cravar comida, cigarros, dinheiro, etc. Neste ano não dei conta de nada disso.
Arrisco-me a dizer que 30% do publico presente era espanhol. Agradou-me bastante a presença do publico espanhol, prefiro que haja 30 % de espanhois civilizados, do que 30% de portugueses que sófazem merda, que não respeitam concertos que não sejam do seu agrado ou que sejam "mitras".
Prefiro pagar 80 euros para ir a um festival assim, do que pagar menos e ser pior servido. Além disso poupa-se muito dinheiro em comida e acessibilidades. No norte ainda é tudo mais barato, e é tudo perto. O carro chega no 1º dia, e só arranca no ultimo.
A única nota negativa vai para a nova entrada para o recinto. A sério, não percebi mesmo.

Capítulo 2: Os concertos.
O cartaz apresentava nomes sonantes, alguns vieram a revelar-se desilusões, outros, surpresas inesquecíveis. Devo dizer que as descrições que vou fazer, são relativas aos concertos que vi e das ilações pessoais que deles tirei.
O 1º dia de palco principal, tinha logo um cartaz que na teoria, era explosivo: Mxpx, Death From Above 1979, !!!, Kaiser Chiefs, The Bravery e Foo Fighters.
Os Mxpx perderam o vôo, so tocaram depois dos foo fighters, no palco secundario. Foi o que os safou, senão ninguém os via. O concerto não foi nada de mais, os mxpx eram uma banda de punk-rock como há centenas por esse mundo.
Os DFA 1979 surpreenderam os poucos presentes com a pujança sonora do baixo de Jesse Keeler. Porém o baterista/vocalista Sebastien Granger ficava-se nas covas fisicamente. Estava à espera de mais, sinceramente. Adulteraram algumas das suas melhores musicas do album "You're a woman, I'm a machine" para ruidos quase impreceptiveis. Apesar de ter a sua piada, o concerto não foi dos melhores.
De seguida apresentaram-se os !!! (chk chk chk). Nunca tinha ouvido nada deste colectivo, nem sequer sabia que género de som tocavam. Foram provavelmente a maior surpresa que tive no festival. Os !!! tocavam uma musica de dança orgânica, cheia de groove, com uns funky beats à maneira. O vocalista, animal de palco, não parou um segundo que fosse, ajudando a banda a ser bem sucedida.
Subiram ao palco os Kaiser Chiefs. Esperava mais da banda britanica, pensava que podiam ser uma das surpresas do cartaz com o seu rock bem mexido, mas afinal a agitação deu para o torto já que o vocalista da banda torceu o pé numa aterragem atribulada. O concerto nunca mais foi o mesmo. Parece que depois daquele episódio, resumia-se tudo a ver um gajo em pé coxinho a tentar cantar. Palhaçada. Como se não bastasse de palhaçada, a maior estava para vir: The Bravery! Estes sim, dignos de performance em prime-time num qualquer Circo Chen ou Cardinali, desiludiram por completo. Primeiro, confessam-se surpreendidos pelo teor alcoólico da Super Bock (ah pois, pensavas que os portugas brincam em serviço?!), alguém os devia ter avisado que a cerveja bate forte! A actuação deles foi mediocre, não mereceiam o lugar que ocupavam no cartaz, na minha opinião.
Ponto forte da noite: Foo Fighters. O concerto dos foo fighters superou todas as minhas expectativas. A banda de Dave Grohl apresentou-se na máxima força, trazendo na geleira o album "In Your Honor" fresquinho da silva. Senti o meu bilhete pago no final do concerto. Vendo o concerto de um ponto de vista comercial (prestação de um serviço), achei que os Foo Fighters traziam o serviço mais completo, os que ofereciam mais ao consumidor. Além dos singles recentes "Best of you" e "In your honor" , tocaram ainda temas mais antigos como "My hero" ou o avassalador "Stacked actors", em que se destacam as guitarras ultra-pesadas do refrão a contrastar com uma melodia mais limpa no verso. Há que realçar a qualidade de som do concerto de Foo Fighters, eles destacaram-se de qualquer outra banda que actuou no festival. Acho que ninguem se vai esquecer do baterista Taylor Hawkins tão cedo...
A 2a noite tinha o cartaz mais forte. A noite começava com os Futureheads e os Hot Hot Heat, duas bandas promissoras da nova vaga rock. Perdi os 2 concertos... o horário impossiblitava de ver tudo.
A primeira banda que vi subir ao palco foram os Arcade Fire. Há muito para dizer sobre este concerto, não vou ser capaz de descrever nem metade. Estes foram, para mim, a melhor banda do festival. Acho que mesmo as pessoas que não conheciam nada destes canadianos ficaram contagiados pela alegria e pela musicalidade da banda. Para quem ainda não ouviu, que o faça! Mereciam muito mais destaque no cartaz! Vamos esperar por uma vinda dos Arcade Fire a Portugal em concerto próprio e num local melhor.
De seguida, apresentou se a banda que menos se adequava ao cartaz do festival os The roots. Pode se dizer que se safaram bem, visto serem uma banda de hip-hop no meio de tanta banda rock. Mas ao menos tivemos ca os melhores do hip-hop. Não havia Dj, nem máquinas, era tudo tocado com instrumentos convencionais. O groove está lhes no sangue, acho que se sairam bem.
Os Queens of the stone age não me surpreenderam, talvez por eu já saber que eles são sempre bons ao vivo. A actuação deles foi excelente, tocaram um set vocacionado para fãs, com musicas pouco habituais nos concertos mais recentes.
Os pixies... bem, não sei se deva comentar o concerto deles, a minha impressão do concerto foi diferente da maioria das pessoas. Eu gostei mais de os ver no super bock no ano passado, talvez por ser a primera vez e talvez por pensar que seria a unica. É verdade que tocaram temas que foram buscar ao fundo do baú, mas mesmo assim, àquela altura da noite já não me conseguiram encher as medidas, talvez porque as outras bandas já o tivessem feito...
Na 3a noite, tinhamos mais uma vez um grande cartaz, a noite foi dominada por Nick Cave & the Bad Seeds. tenho muita pena de não conhecer muito da obra de Nick Cave, tenho a ideia que se conhecesse, seria provavelmente o melhor concerto do festival.
Os Woven Hand foram uma banda que me impressionou... não sei se gostei ou não, mas sem duvida que me impressionou...
O Vincent Gallo, esteve muito muito bem, apesar do ambiente não ser nada favorável. A Juliette e os Licks tinham tocado antes e imprimiram um andamento rock e o Vincent Gallo tocou o concerto mais silencioso do festivel. Apreciei o respeito do publico para com ele. Pensei que a meio estivessem todos a gritar "vai te embora, palhaço!"
A Juliette foi a maior banhada a par dos Bravery! A gaja pode ser boa, mas não chega.
Bem, já chega de vos pregar seca...
Deixem as vossas impressões!

2 comentários:

Bruno Monteiro disse...

Não fui... Foi a impressão que me ficou!

Anónimo disse...

Foi sem dúvida o melhor festival a que alguma vez assiti. Por muita coisa mas principalmente pelo sentido de oportunidade na vinda da maioria das bandas ao nosso país.
Das banhadas que refriste concordo plenamente. The Bravery nem dá para perder tempo com aquilo. Tanta coisa Boa na cena de New York e vêm os resticios para enfeitar o ramalhete. A Julieta, pois é, o salto para a assistencia oferecendo o corpinho ao manifesto não basta para fazer esquecer uma música vazia de ideias e apenas cheia de "corpinho"
Quanto ao restante só tenho a dizer que gostei de tudo. Discordo nos Pixies, foi sem dúvida mais momento que o ano passado. O ano anterior era a euforia, neste ano foi a consistencia e o confirmar de que o fogo do ano passado tinha crescido e pernas para andar. Mais coesos, mais confiantes, a VOZ no sitio certo e um alinhamento de luxo fez as minhas delicias. Os Arcade Fire surpreenderam-me ao vivo e confirmaram aquilo que vinha a ouvir desde Novembro passado. Um album fabuloso de uma banda surpreendentemente dotada e criativa. Depois destes o que me ficou na memoria foi os Woven Hand que me fizeram, quando os vi no cartaz, confirmar a minha ida este ano a Paredes de Coura. Um concerto Intenso, poderoso na musica e nas palavras, hipnotico e assustador. Maravilhoso! Eugene Edwards no seu melhor, morreram os 16 Horse Power mas o homem está em grande forma. The National, uma banda que também me enche as medidas, melodiosos e brutais, delicados e incandescentes. Foi muito bom ver que tudo resulta bem ao vivo. E depois ficou um dos meus grandes SENHORES. O cavernoso estava ON FIRE literalmente. Não via um Concerto de NIck Cave há precisamente 10 anos, num coliseu cheio e fervoroso onde o homem arrebatou tudo e todos. Em Paredes de Coura senti o mesmo. O fogo, a paixão, o ódio, o amor, a raiva, a dor mas sobretudo a imensidão que é aquela voz e aquela banda ao rubro. Depois de um album impressionante ficou um concerto divinal.
Quero mais, quero muito mais e até para o ano mas até lá temos dEUS em dezembro ;-)