08 maio, 2005

direito de resposta


o que tenho lido deixa-me preplexo. e desconfortável.
fiz parte da génese d'ovírus e não sei para onde vai o projecto.
vejo, atónito, as declarações aqui escritas.
não percebo o tom de vítimas com que escrevem, e ainda, não percebo o que querem.
qualquer actividade económica (cultural ou outra) tem de estar legalizada. não vejo o dilema. ninguém impede nada, a não ser, neste caso, a lei.
talvez fruto da inexperiência, algumas pessoas esperaram milagres.
reprovo também o atirar de pedras ao vereador da cultura e desporto da câmara municipal da marinha grande, que nunca fez parte d'ovírus, e por isso, nunca nos falhou a nada que nos diga respeito.
se no início se definiu como fenómeno de contracultura, como querem pactuar com as instituições e poder local?
não percebo e cheira-me mal.
que ovírus feche, será algo a lamentar.que as pessoas percam o seu objectivo será no meu ver algo muito mais grave.
a carta que saíu na imprensa e tenho lido em alguns blogs e páginas, foi fruto de uma quarta parte d'ovírus e manifestam logicamente uma opinião pessoal, sem os outros elementos (eu, pelo menos) concordar no seu teor nem no seu espírito reinvindicativo desprovido de nexo.

assim me despeço e desculpem por final tão abrusco da telenovela.
sal.

5 comentários:

Anónimo disse...

Será uma pena que a telenovela acabe tão mal. Se assim for ficará um vazio por preencher na capital do vidro.

Bruno Monteiro disse...

Talvez precises de ler um texto mais uma, duas, as vezes que for necssario para entenderes o verdadeiro teor dele... É pena quando as pessoas não percebem.

Anónimo disse...

Sal, parece-me que o texto do Bruno é um texto de indignação sobre a apatia de uma terra e não um atirar de pedras ao vereador. Até porque há noção dos telhados de vidro.
Apesar de no início ovirus se apresentar como um fenomeno de contra-cultura, revelou-se depois um fenómeno de cultura. Não podes ter contra-cultura se não tiveres cultura nenhuma, e já que estás a fazer serviço á comunidade, parece-me legitimo que se peça apoio, nem que seja apoio legal, que era o que mais falta vos fazia.
Não se trata de perder objectivos. Não percebo qual o interesse de estar do lado oposto das instituições se podiam estar todos lado a lado para fornecer á cidade um direito básico. Ou tem que se estar do outro lado só porque sim?
E pergunto te: Se era um fenómeno contra-cultura desde o início, porque foste(foram) pedir apoio á camara nos 1os tempos? Não há aqui uma contradição?

Fico realmente triste por me lembrar perfeitamente das 1as conversas que tivemos sobre o virus (ainda nao se chamava nada) em que sonhavamos todos em unissono em fazer algo pela cidade, na altura falava-se em constituir uma associação (lembras te?), chegamos a dar espreitadelas nos estatutos e tudo e agora vejo-vos de costas voltadas e sinceramente custa me muito. Parece que afinal não estavam todos no mesmo barco. Pena.

poisbem disse...

bruno: infelizmente li o texto vezes demais, até

ricardo: acho bem as pessoas indignarem-se quando teem razão. o que não me parece que seja o caso. se sim, porque só agora é que se queixam de não haver nada e ter passado tantos anos sem se queixarem?
ainda o fenómeno da contracultura: a situação é que se há por um lado as coisas que passam na rádio, na tv e nos demais sítios, há coisas que efectivamente não passam. coisas que inclusivé foram os pilares de certas pessoas que hoje estão na tv e etc. acho que ã difusão desses trabalhos caberia a certas instituições por uma questão de, digamos, honestidade histórica e responsabilidade cultural. mas não havendo quem o faça, o que nos propusemos de inicio foi exactamente culmatar essas lacunas. era isso que ovírus no seu inicio tinha e foi perdendo. quanto aos apoios, não percebo isso do apoio legal. não há necessidade de apoio legal nenhum, basta as coisas estarem legalizadas. e não falo d'ovirus associação, mas sim d'ovirus espaço.sem isso nada feito.
e sim, fomos à câmara. até porque me interessa sempre saber o que o outro lado pensa das questões. e penso ainda que se existe o direito democrático de exerceres a tua opinião, ainda que não em conformidade com a maioria, as minorias sempre dependem da maioria, nem que seja no seu discordar.
esclareço um ponto importante: nunca me ouviste estar contra este ou aquele, mas sim contra opiniões e atitudes. nunca me viste acenar cores políticas nem bandeira nenhuma. é-me igual estar a câmara do meu lado, contra mim ou simplesmente a marimbar-se para o que faço. o meu trabalho continua com a mesma urgência. mas como noutros sítios o fiz, quando tive apoios (não preciso dar exemplos, pois não?) pude fazer outro tipo de coisas, organizar eventos maiores. isso não implica que sem apoios não se faz nada, como ovírus no seu início provou ser capaz.
a única coisa contra a que me indignei foi as pessoas por vezes perderem o objectivo da sua luta. se foi feito um projecto para mostrar certos fenómenos culturais, o que impede a que se façam coisas fora do espaço, visto este estar ilegal? o que impede travar a luta noutro espaço, noutro local, noutra cidade ou simplesmente noutra maneira?
continuo a organizar coisas, que é o que me dá prazer, é o que venho fazendo de há oito anos para cá. às vezes com apoios, às vezes sem apoios, estou-me a cagar placidamente para as aparentes mudanças de cor autárquicas e subsequentes mazelas que algumas cidades ganham com estas mudanças bruscas e desnorteadas que se fazem. quando decidi fazer coisas foi quando decidi deixar de me queixar que os outros não faziam. é uma forma de luta diferente, mas simples, no meu ver , e onde ganho mais (eu e os outros).
espero que tenha explicado mais ou menos os meus porquês da discórdia, porque, ricardo, parece-me que estamos de acordo, mas a escrita está-nos a atraiçoar.
show must go on
sal.

Bruno Monteiro disse...

Ora bem, é importante esclarecer aqui alguns pontos:

1º Quando escrevi o texto que, posteriormente foi publicado no jornal, o sal. já não era membro do "Ovírus", logo não me achei com o dever de lhe fazer chegar o texto antes. O sal. saiu do projecto por vontade própria e as razões que o fizeram tomar essa atitude eu desconheço, não me foi transmitido nada para além de: "O sal. saiu...". Já os outros dois membros do projecto foram devidamente informados antes da dita publicação no semanário. Por isso não vejo razão para esta acusação

2º O texto está devidamente assinado com o nome "Bruno Monteiro" e não com o nome "Ovírus", logo transmite uma opinião pessoal que é passível de concordâncias e discórdias, nada mais que isso, não há razão aqui para tamanha telenovela.

3º Se o espaço "Ovírus" tiver mesmo que fechar, eu continuarei a organizar eventos noutros locais, ninguém me ouviu dizer que não o fazia, daí também não há razão para se ter falado nisso aqui.

4º Não quero mal a ninguém, não atiro pedras a ninguém, nem sequer tenho força para aleijar alguém, simplesmente quero que aconteçam coisas e há muito tempo que poucas coisas acontecem, mas desta vez não me apeteceu estar calado como costuma fazer a maior parte do pessoal... Essa do "Nunca aconteceu nada porque é que não se queixaram antes" não tem lógica nenhuma, há alturas para tudo, não foi antes é agora, mas porquê? É tarde?

5º Não se zanguem comigo, ainda por cima pessoas que partilham do mesmo sentimento, ou seja o desejo que algo aconteça nesta cidade. Não há necessidade disso... Ou é apenas para ser do contra?

6º É bom que se escreva com transparência, sem fugir muito à verdadeira questão do texto, a questão da falta de apoios e incentivo à cultura, essa sim é a verdadeira questão, não fujam dela.