08 janeiro, 2005

"Humanos"... Para Quê?

Desculpem qualquer coisa, hoje não estou muito bem, só me apetece dizer caralhadas! Uma das coisas que me atormenta a alma neste momento é a pontualidade das injecções que levo de “Humanos”, quase já me levaram a desistir e a deixar-me embriagar na compra deste álbum de artistas Portugueses... É complicado fazer música, é mais complicado fazer música e vê-la aceite, será que estes nossos artistas sentiram a necessidade de vender? será que simplesmente lhes falta inspiração para comporem trabalhos genuínos? será que têm muito tempo para isso e tiveram a bondade de acabar outros trabalhos que o Sr.António Variações não conseguiu? não sei! Mas uma coisa é certa, mais um grande sucesso de vendas com este marketing obcecante. Foi alias considerado o 4º melhor disco nacional do ano de 2004 no entender do “Blitz”, fico contente pela simples razão de estarem atrás dos Mão Morta, por outro lado cria-me aversão ver outras bandas verdadeiras, sem máscaras, sem misturas não serem reconhecidas por serem elas próprias... Falo por exemplo dos Pluto, dos Alla Polacca, dos Zen, dos X-Wife ou dos Bunnyranch, isto claro sem atender a outros grande valores que nem um disco conseguem gravar para puderem ser ouvidos. Será que um dia vamos conseguir sentir a verdadeira força da música neste meio social? será que vão deixar espaço para outros artistas e não só para aqueles que lhes enchem os bolsos com dinheiro? será que um dia nos vão deixar escolher um disco sem nos drogarem na escolha de outro? A música é grande, muito grande e caralho para quem a faz unicamente para gerar €uros. Ainda por cima estou insatisfeito e nunca consigo mudar de vida!

21 comentários:

poisbem disse...

ora bem, isto começa a ficar "agusto".
em primeiro lugar, as edições póstumas e coisas como a arca do pessoa que não tem fundo repugnam-me a valer. se um artista já não ganha muito em vida, então explorá-lo depois de morto é negócio que já provou ser mais que rentável e a meu ver, abominável. e estamos em terreno pródigo neste nosso mundo, tudo a explorar o próximo e a viver do trabalho dos outros. é assim que me oponho ao trabalho dos humanos. eles próprios devem ter noção da dimensão da coisa, visto que se afirmam "humanos" porque erram. pois erram. o primeiro erro foi terem decidido levar avante este projecto.

a naifa é um caso bem aparte, e nutro especial admiração pelo trabalho sólido que o joão aguardela fez desde que decidiu acabar com os sitiados (a começar por aqui)

quanto ao que realmente interessa, e como é contra argumentado, essa coisa da música ser para todos é muito prosaico, mas se tens uns tipos com o marketing arrogante de uns silence4 (que mesmo depois de extintos, vivem e editam) e de uns humanos (que mesmo depois de variações ter morrido, o editam) não haverá espaço para muito mais. os escaparates são comprados assim como a atenção dos eventuais consumidores. é esta a triste realidade. sei bem o que são as promoções dentro da musica. sei como se promove, por exemplo, estes humanos e por exemplo, como se promove x ou y. estou no seio de uma rádio onde vejo as coisas acontecerem. e entristece-me.

onde está o free jazz português? onde está a música erudita portuguesa? onde está o gótico, o punk, o noise, o breakbeat, o funk, onde estão? provavelmente mortos, alguns, outros provavelmente a definhar. mas sem humanos que lhes deem a mão como deram ao antónio.

estou farto do provincianismo bairrista luso do fado e da catequese, acho execrável a maneira continuada como se fabricam sucessos e definitiva e implicitamente só posso odiar a indústria. assim tenho nome para o ódio, o que pelo menos é reconfotante em certos aspectos...

morte aos humanos, já
long live the machine

p.s. - já agora, aconselho a todos que oiçam um programinha semanal que dá na ruc, às quintas à 1 da manhã (noite de 5ª para 6ª)e repete aos sábados, às 8 da manhã. e passo músicas dos humanos, entre outras.

Bruno Monteiro disse...

Mas no meio disto tudo o que mais me atormenta não é o valor deste projecto, entendes? O que mais me atormenta é tudo à volta dele, e o tudo à volta dele é muita coisa que a mim me parece mal... A puta da ideia de que as bandas que vendem pouco são injustiçadas eu não a sustento, eu tenho é a puta da ideia de que há bastantes projectos bons que nem sequer são editados, nem sequer têm a hipótese de ser ouvidos (bem ou mal) porque os senhores que dominam estes campos querem à força dominar toda a música, é por isso que temos a cultura musical que temos, ou também achas que estamos bem? E entende isto como uma critica global a todo o processo comercial (utilizando este recente trabalho como exemplo)... Não sei até que ponto possa estar a exagerar, mas custa-me perceber todo este envolvimento em redor deste disco. Venham outras coisas, e que sejam novas!

Unknown disse...

(Grande blog! Gosto destas discussões.)

Gostei de ler os vossos comentarios e ver que todos têm o seu bocadinho de razão. Acho que ha uma ou 2 ideias que me parecem correctas e que tenho que apoiar: 1º:Acho que o trabalho que os humanos fizeram é de grande qualidade, e não me parece que este projecto tenha sido iniciado com o objectivo de ganhar dinheiro, nem acho que o tenham feito por terem falta de inspiração para compor, o que acho é que se trata de um reconhecimento de uma obra fantastica do A. Variações, que no meu entender os Humanos tratam com grande respeito e admiração. Acho que ele proprio se iria sentir lisonjeado. Até acho bom que alguem o tenha homenageado desta forma, em vez de um qualquer programa na RTP memoria ou assim. Até é bom para ensinar a muito jovem quem foi o Antonio Variações, ou pelo menos despoletar o intresse pela sua obra.
Tenho de concordar porem, com o bruno e com o sal. na medida em que o mercado discografico (em crise) prefere apostar numa remexida no bau (que sabe que vai rentabilizar) do que apostar num novo projecto, por maior qualidade que tenha, deixo vos o exemplo dos Silence4 vs Umpletrue. Quem sabe se os Umpletrue nao venderiam mais do que os Silence 4? Nunca vamos saber se nunca lhes for dada a oportunidade de editar! Enquanto eles esperam, os Silence 4 editam dvds de concertos em Montemor-o-novo, S. Jorge da Murronhanha, Sta. Cona do Assobio e afins! Esta para mim é a grande injustiça! Estou farto de ver sempre a mesma receita a resultar! "silence 4... inesquecivel!" PUDERA! Não nos deixam esquece-los! :)

O que me continua a magoar neste plano de mercado discografico, são as aberrações musicais, que de musicos pouco ou nada têm(O-zone, Britneys,etc.) que fazem milhões, enquanto nos aqui tentamos decidir em que tecla carregar. Mas isso já é outro assunto, bem mais complicado do foro sociológico.

Abraços!

Anónimo disse...

Olá!

É engraçado ter surgido a discussão à cerca da indústria musical a partir do "HUMANOS", até porque bem recentemente saiu uma edição do género dedicada aos DELFINS (seres que habitam nos píncaros da indústria atrás mencionada cá por terras lusas) protagonizada por um conjunto de bandas, grande parte delas, de uma vertente de mercado mais underground (Cf. "Delfins not dead"... numa perversa alusão ao universo punk), que passou demasiado despercebida, por ser exemplo do que não se deve fazer... ou pelo menos, do que não se deve comprar... o que significa,não lhe dar possibilidades de continuar a existir...

O que de facto quero dizer, é que nisto tudo existe um mercado, que, em última instância, decide se determinado projecto pode ter continuidade ou não. Da mesma forma, é este mercado que pode dar a possibilidade de continuidade aos projectos - "à grande música"...
A procura do disfrute de qualquer forma de arte (que nada tem a ver com o acto criativo, que pertence unicamente ao artista), é responsabilidade única dos interessados, que pouco estimulados, pouco interessados e pouco expectantes para tal, não o farão, mantendo-se no conforto do caminho percorrido, já conhecido...

Acho que esta é, também, uma parte da questão com a sua importância...

ziggy disse...

Bem o caso dos Delfins Not Dead é a verdadeira aberração da industria. Isso sem sombar de dúvidas. Ainda mais quando os mentores do projecto de homenagen são os próprios Delfins. Que pegaram em bandas que vagueiam por entre o circulo de amigos e tentaram provar que têm algum valor para a música nacional porque há bandas que foram influenciadas pelo seu som. A questão é, qual som?? Os Delfins foram a banda mais overrated do panorama prtugês. Aquilo é mau e sempre será mau. o gajo é um canastrão autentico com a mania de artista. E mais nada :-))
Completamente a antitese do que um projecto como os humanos é. Não vão tocar ao vivo não vão fazer mais do que promover o disco e mostrar que existe mais do AV do que " Se a cabeça não tem juizo o corpo é que paga" e que o gajo era excentrico. Esses são os lugares comuns que são desmistificados neste disco. Leiam as letras, oiçam as ironias de uma pessoa que estave on the edge e consciente do seu fim e que se sabia exprimir musicalmente de uma forma positiva e descomplexada. Esse é o valor do disco. Agora se vende muito ou pouco, que se foda, se é marketing da industria, não se esqueçam que somos nós que o fazemos. Mais importante que isso é quando nos esquecemos que comprar uma camisola ou sapatilhas nike ou ir ao mcdonalds estamos a contribuir para merdas bem piores. E isso impedevos de saborear o momento??? dúvido.

ziggy disse...

esqueci-me de uma coisa, há bandas que serão ouvidas outras serão pouco ouvidas e outras nunca mas isso acontecerá sempre é um facto e teremos de viver com isso. A verdade é que também há bandas que apenas querem ser ouvidas fzer algo por isso...dá trabalho. Porque será que desde os Estado Sónico, mais nenhuma banda na Marinha editou? mistério. falta de bandas? não me parece, então??? nós também não tinhamos dinheiro, tivemos de puxar pelo engenho. Seremos os únicos? dúvido e quero dúvidar muito mesmo. Mas a verdade é que não vi mais nada...
viver do sentimento de injustiça é m,uito fácil e confortável o fodido é querer enfrentar o status.

Unknown disse...

Realmente é triste que o Estado Sonico tenha sido a ultima banda a editar um cd nesta terra que na minha opinião, é fertil em criatividade, mas como aponta o José e bem, é fertil em comodismo e conformismo tambem. Mas parece que sinto uma aragem de mudança, pelo menos, o facto de discutirmos aqui as coisas, indignados, ja é um avanço... e se considerarmos que quase todos que aqui participam integram um ou mais projectos musicais, já é qualquer coisa, pelo menos estamos a introduzir algo no mundo. Ha que não baixar os braços.
O problema de muitas bandas que existiram aqui na M.G é que nunca se levaram muito a sério, e não tinham consistencia, responsabilidade nem clarividencia suficiente para levar um projecto para a frente.
Mas tambem ha casos em que se tenta, tenta, e as coisas não resultam, ou batem se a portas erradas... recordo me da minha temporada nos Canker Bit Jesus em que tinhamos o mesmo manager que os Silence4 (Sr. Luis Coradinho) que era um dos managers melhor sucedidos em Portugal, mas nada aconteceu! Chegamos a fazer uma gravação de um suposto DVD, com uma produção (realizador brasileiro, tecnica de som australiana!!!)concerteza carissima, e que até hoje nem sei como ficou! Ha tambem este factor de que se lida com gente muito bera neste ramo da industria, que torna as coisas sempre mais dificeis! As vezes não se trata só de comodismo das bandas, irrita-me que as culpas sejam postas deste lado.
Éste deve ser o unico pais em que um locutor de Rádio é quase mais respeitado que um artista. Lembro me de ouvir da boca de um desses comentadores que as bandas é que não fazem o suficiente, agora digo, fdx! o k é q querem mais? nos criamos, nos gravamos maquetes, nós enviamos para todo o lado (radios, editoras, concursos!), querem que nos vamos ajoelhar á porta a pedir pelo amor de deus para ouvirem a nossa musica?!
Ja me faz lembrar um tempo em que editei para a Nova Independencia, e que tive que andar a vender bilhetes na rua(!!!)para o meu concerto, para que nos pagassem!!!

Fala- me mais desse engenho, José, quero ouvir...

Bruno Monteiro disse...

Pois é, de facto vamos ao Mcdonalds, compramos camisolas e sapatilhas da Nike e saboreamos o momento. Já que estamos a comparar, digo que também poluímos para desfrutar de momentos, mas o esforço tem que ser no sentido de diminuir essa poluição. Sabemos que muitos projectos não são ouvidos porque não são editados, neste sentido o esforço devia recair em diminuir a quantidade de bons valores que não são editados, o que quanto a mim é dificultado, em parte, por edições como a dos “Humanos” e por outras de longe piores que a dita. Quanto a mim, este disco foi feito porque vendia e pouco mais que isso, e peço desculpa se é ilusão minha, de facto é o que penso.
Quanto à ausência de trabalhos discográficos na Marinha pós Estado Sónico tenho a dizer que em parte concordo com o José, no ponto em que se as bandas fossem mais clarividentes eram melhor sucedidas, mas por outro lado ser músico não é ser produtor, e se as coisas estivessem como deviam estar, essas produções eram feitas, mas o que é certo é que está tudo tão centralizado e tudo tão empenhado em editar tops de vendas que se estão lixando para estas bandas de música alternativa. Neste particular o Ricardo já contou a história dele, o dito Sr. Coradinho talvez tivesse aproveitado o período em que conseguiria ganhar algum utilizando a imagem do recém saído do programa “Big Brother”, Marciano, vocalista dos Canker Bit Jesus. Assim fez uns concertos, arrecadou algum e pisgou-se, terei enganado?
Muitos factores, em volta da nossa cultura musical, estão mal, é mau termos que viver com isso.

. disse...

Não vejo qualquer mal fazer-se um álbum como o “Humanos”.
Os trabalhos póstumos são por vezes malfadados porque são na sua maior parte coisas que os autores em vida não quiseram editar por uma razão ou outra. Ora ao se estar a editar algo que os autores não queriam ver editado, está-se a desrespeitá-los em função do lucro, o que é altamente repreensível.
Não me parece ser o caso de “Humanos”. Não só os temas inéditos apenas não foram editados por causa da morte precoce de António Variações, como o tratamento dado aos sketches gravados nas BASF’s levou em conta a forma de como se pensa que Variações teria feito.
Destes podem vir mais!

Guta disse...

Olá, acho muito interessante o conteúdo desta discussão, e vou tentar deixar a minha opinião sobre o assunto.
Penso que quando se faz um projecto como os "HUMANOS", faz-se com a intenção de dar a conhecer ás pessoas mais um pouco de António Variações, mas obviamente que quem investiu no projecto foi para ganhar capital, ou será que vão partilhar algum desse trabalho na Internet para que todos tenhamos acesso gratuito?! não acredito... Definitivamente acho que o álbum foi feito para ganhar dinheiro, o que não quer dizer que o trabalho não seja bom ou que os artistas não queiram homenagear o Antonio Variações, visto que, ele era uma pessoa muito avançada no seu tempo e que ainda hoje continua actual.
O grande problema é o facto das editores trabalharem no sentido contrário dos músicos que tentam ser criativos e apresentarem outro tipo de material enquanto as editoras só apostam no que é garantido e sabem que vai vender, logo, quem quer ter um trabalho no mercado tem que fazer música "mais acessível" e que lucre a curto prazo. Enquanto as mentalidades não mudarem nunca será fácil aproveitar as milhares de bandas que agradam a minorias locais e que facilmente iriam vender a muitas "minorias nacionais" como é o exemplo dos extintos NoMoreRockN'RollBusiness , Estado Sónico, etc... estas bandas tiveram um sucesso relativo ,visto que, ainda editaram algum material mas não foram divulgados de maneira a que se gerasse um interesse levando-as á extinção. No caso dos Delfins e do seu tributo... nada a dizer, foi tempo gasto, uma oportunidade que muitas bandas "de minorias" iriam aproveitar e seria um contributo á nossa cultura e identidade musical.

ziggy disse...

Não posso dizer mais do que o guta e o samuel. é mau ter um bom produto e saber que podemos lucrar com ele? quando realmente este tem qualidade acima da média? Não vejo nenhum crime nisso. Não se esqueçam que as editoras são um pau de dois gumes. E não quero fazer de advogado do diabo mas investir também implica lucrar ou pleo menos é legitimo esperar isso. O que se passa hoje é sem sombra de dúvida muito diferente do que se passou há 10 anos quando gravámos e lançámos o nosso disquinho. A internet abriu o mundo, gravar em casa com qualidade nunca foi tão fácil e gente empenhada em o fazer ainda existe muito mais. Queres mais engenho Ricardo? E para além disso a edição de autor ainda tem uma plavara a dizer. Afinal quem é que produz a música, são os músicos e esses ainda são em maior numero que os ars e as editoras. é dificil, é mas não é impossivel.
PorqUê talvez hoje em dia para bandas que começam, editar um cd com 10 ou 12 músicas? talvez seja desperdicio. Mais tempo de estudio, mais investimento. Porque não editar faseadamente vários eps com 5 músicas no máximo? Com a velocidade a que se consome música hoje em dia, pelo grande decréscimo do tempo de vida média de um disco no escaparate de vendas, penso ser uma boa solução para por a música a circular. Afinal é isso que o povo gosta e é isso que o povo quer ;-)

Unknown disse...

Realmente, resta nos fazer isso, e é isso que estou a fazer com as 2 bandas em que toco... gravações caseiras feitas com material MUITO escasso e de qualidade mediana-baixa, mas ao menos vamos fazendo o nosso filmezinho á nossa maneira, dentro das nossas cabeças...
Lá está, as coisas fazem se, e do trabalho nunca tive medo, no fim o ego até enche a barriga por termos feitos as coisas por nossa conta...
Nunca vamos é saber como é gravar num bom estudio, fazer uma boa produção, lançar um disco bem elaborado, fazer uma mini tour de promoção, mas que se lixe... ando nisto pela satisfação de tocar e enquanto me der gozo... ca estarei.

Bruno Monteiro disse...

Pessoal,
Gostei da discussão, das vossas opiniões, dos vossos argumentos contraditórios, de tudo!
Não me vou esticar mais, vou sim ficar por aqui à espera de mais música.
Um Abraço.

carlos disse...

Em relação aos Humanos acho que é um bom disco.
Em relação a edições, editoras e coisas do género acho que disseram muitas coisas importantes e esqueceram outras. Na fase em que estamos não existem editoras capazes de apostar em artistas, não estão adaptadas nem preparadas para o fazer. Penso que estamos numa fase de transição bastante caótica, necessária e acho que ainda vamos ter saudades dela.
Outra coisa são as edições propriamente ditas. Editar não é difícil, é até razoavelmente fácil, falam-me de comodismos nas bandas da Marinha, deve existir, sim, mas eu sou o primeiro a preferir o comodismo a que me vão ao cu penosa e dolorosamente. Prefiro, como disse o Ricardo, fazer as minhas coisinhas sem cair num Mundo irreal em que te prometem a mãe.
Fiz parte duma banda que editou em 2002. Era tudo um espetaculo, só palavras grandes que faziam pensar em coisas grandes, gajas, champanhe... Ainda hoje estou a arder com $.
Portanto acho que editar... epah, mais vale ir para a rua gritar um link e vender musicas a vulso.

ziggy disse...

o problema de editar é que quando se fala nessa palavra ela torna-se num papão porque todos acham de imediato que tem de ser por uma label grande. Mas que caralho, quem disse isso? Isto é outra coisa tipicamente portuguesa, pequeninos mas com a mania das grandezas. Temos já provas de apostas bem sucedidas no campo da auto edição, os Mão Morta ainda sobrevivem por exemplo. E o Nús que é talvez o trabalho mais consistente deles até hoje foi rejeitado pelas majors. Mas eles avançaram. é esta atituda que eu não vejo em nós aqui no burgo. Incluo-me também na fornada. E tenho pena de não ver porque há matéria boa para por a rolar. Outros há que nem sequer pensam nisso de dar a ouvir io que lhes vai na cabeça. é muito melhor curtir em jams privadas e passara avida a pensar na nota que fica bem aqui e ali, tirar grandes elações de como cantar e tocar, rodear-se de músicos competentes e depois...e depois é mesmo isso. E depois??? é mais um dia de guerra e de feridas por sarar...desculpem-me mas hoje estou fodido!!!

Bruno Monteiro disse...

José... Tenho muitas coisas para aprender, não tenho a vossa vivência musical, não ando aqui à tanto tempo como tu, espero aprender, e espero que muitas dessas coisas sejam convosco. Fico contente por ter oportunidade de ter estas discussões convosco, e espero que assim continue. Apesar de tudo permite-me que discorde contigo... Não acho o exemplo dos Mão Morta um exemplo bem dado para aquilo que defendes. Sim, os Mão Morta viram o seu trabalho rejeitado por algumas editoras, mas conseguiram fazer uma boa auto edição porque realmente são grandiosos, são, quanto a mim, a banda Portuguesa mais notável, possuem bons meios para o fazer. Ou seja não são aquela banda ali da esquina que mal consegue pagar a luz da sala de ensaios. Há muitas coisas por detrás disso, uma auto edição pode ser feita, nisso concordo, mas ainda é necessário ter algum dinheiro. E sabes que toda a gente faz música, e toda a gente podem ser gajos que recebem o ordenado mínimo porque não estudaram, ou porque os pais não podiam pagar os estudos ou por tanta coisa que dá origem a ter uma fraca remuneração mensal, ou mesmo a não ter emprego... por aí fora, é escusado estar a divagar mais! Claro, para se fazer alguma coisa tem que se ter algum, e não penses que estou aqui a chamar-lhes coitadinhos, sei que assim é muito difícil, mas acho que podemos dizer que é difícil, podia ser mais fácil, mas as coisas são assim e temos que viver com elas. Por outro lado também há pessoal que faz música só para curtir o momento, para o partilhar com outros amigos, sem ter qualquer pretensão a editar o quer que seja, também não vejo mal nisso, assim como não vejo mal em fazer Jams e outras coisas que façam com que o pessoal esteja junto a partilhar sentimentos, emoções, ideias, tudo! E sabes que existem por ai muitos putos que gozavam um grande momento se estivessem na vossa companhia a participar na música, eu sou um deles, de certeza que há muitos mais... Tudo para dizer que aquela festa pode despertar o divinal gosto pela música a muita gente, e nisso tu tinhas um papel fundamental, a noite é para todos, para os mais novos e para os mais velhos... Estão-se aqui a gerar algumas complicações que eu acho não terem razão de ser, ou pelo menos não as compreendo, mas... tenho tempo para as tentar entender, agora quero viver isto!

ziggy disse...

as complicações que estás a vislumbrar estão no local errado porque as jams a que me refiro não é a festa. A festa é a festa e vai quem quer e quem está motivado par atal e não tenyho nada contra isso. Mas concedam-me o direito de ter reservas e de não gostar tanto de eventos desse tipo. Sem que isso seja demerito para o evento em si. Como já disse não tenho jeito para essas coisas. Outra coisa, não me coloquem no lugar onde não estou. Aquilo que os Estado Sónico foram está feito e se dali ainda respira algo óptimo, não me arrependo de nada mas para mim já não tem o mesmo significado. Orgulho-me do pouco que conseguimos fazer e chega. Não quero viver do que poderia ter sido. Não é isso que interessa.
O que eu queria dizer quanto às jams é que quando tens talento entre mãos o crime é não o soltar e deixar os outros ouvir o que tens para dizer. Há sempre algo par adizer, mesmo na música que não gosto. E tenho de respeitar isso porque há outro alguém que sente aquilo que não sinto. É essa a beleza de sermos seres diversos.
Editar ou não editar eis a questão. Já viste o que este blog proporciona? já pensaste em como se transforma numa pequena casa onde tudo, ou quase tudo é permitido? Onde as ideias fluem e se cruzam saudavelmente? E o que isto pode ser para a musica que as pequenas bandas fazem? Não há dinheiro? a maioria dos putos tem acesso a uma ligação de internet. Há locais onde posso por as minhas músicas de borla para partilhar, onde o boca a boca ainda é uma boa base de divulgação. Gravar com alguma qualidade já concordámos que não é complicado. E ao dizer que auto edição é um caminho não disse que era fácil. E permite-me discordar, acho o exemplo dos Mão Morta um bom exemplo. é uma banda itenerante, não tem a sorte de ter todos os elementos a viver no mesmo espaço físico. São casados têm familias para sustentar também, não sobrevivem só da música. E numa enrevista o Adolfo refere que para editar contrairam um empréstimo como muitas outras pessoas contraem para comprar algo e que o pagam com o que vão fazendo destas tours. Isto é fácil? isto é uma saída para uma banda de nomeada? pelos vistos foi e ainda bem que io foi.
O que eu quero dizer é que se tem de começar por algum lado,e vejo poucas caras com vontade de o fazer. é ppreciso carregar com os amplificadores ás costas p e penar? é já a maioria de vocês o sabe. e depois? que se foda se se gosta continua-se para ver pelo menos no que dá. Se as bandas já surgissem com nome e sucesso, maravilha, mas todas têm as suas histórias de mais ou menos sucesso, de inspiração ou desinspiração. O golpe de sorte não surge só por si e preciso fazer por ele. Não nos continuemos é a desculpar com as editoras e os preços dos discos e por aí fora...há tempo para tudo :-)

Unknown disse...

Tenho a certeza de que se continuarmos com esta indignação e deixarmos as palavras para trás, substituindo-as por acções, podemo-nos todos realizar um bocadinho... vamo-nos la esquecer das labels, e das putas das grandezas, vamos lançar maquetes low-fi e vende-las por 2 ou 3 euros :)
"Spread your love like a fever!", como diriam os BRMC...
Espalhar a NOSSA mensagem, pois como diz o Jose, todos temos algo pra dizer, é isso que faz com que a musica seja interminavel e tão linda.

Abraço a todos!

ziggy disse...

até te dava um beijo agora coisa linda :-))))

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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